O tema foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objectivo de abordar várias questões relacionadas com a saúde materno-infantil. Todos os anos morrem mais de meio milhão de mulheres em todo o mundo devido a problemas relacionados com a gravidez e o parto.

Em Portugal, de acordo com dados da OMS, a taxa de mortalidade infantil tem vindo a diminuir, o que mostra que há uma preocupação crescente com a saúde infantil.

O JPN foi falar com jovens estudantes de medicina e enfermagem na área de pediatria para tentar perceber o que os leva a optar por trabalhar com crianças diariamente.

“Ao fim de 12 horas a trabalhar com crianças nas urgências não me sinto cansado”

A afirmação é de Sizenando Cunha, interno do 4º ano da especialidade de pediatria no hospital Maria Pia, e serve para descrever a razão que o levou a escolher trabalhar com crianças. “Durante os estágios que realizei no curso de medicina, a área de pediatria foi sem dúvida a área em que me senti mais feliz a trabalhar”, acrescenta o futuro pediatra.

Sizenando Cunha reconhece que é muito diferente tratar adultos e crianças e explica que, na sua área de eleição, é muito importante saber lidar com os pais e criar uma relação de confiança com eles.

O médico interno admite que há dificuldades na área da pediatria, mas lembra que também há um grande apoio às mães e crianças portuguesas: “quando são detectadas doenças raras, os médicos pedem aconselhamento no estrangeiro e encaminham as mães e os filhos para centros especializados, com o apoio da segurança social”.

Na opinião de Sizenando Cunha, um dos principais problemas da saúde infantil em Portugal são os centros de saúde e dá um exemplo prático: “há cada vez mais crianças que sofrem de obesidade e muitas vezes os médicos de família ou clínicos gerais não se apercebem disso”. Para contrariar essa situação, o futuro pediatra sugere a “existência de um pediatra consultor nos centros de saúde que se reunisse com os médicos de família e lhes esclarecesse dúvidas”. “Para além disso, aparecem frequentemente mulheres nas urgências a fazer perguntas sobre puericultura, algo que seria evitado se os centros de saúde acompanhassem mais de perto as futuras mães”, acrescenta Sizenando Cunha.

“Relação de confiança com os pais é fundamental”

Para Inês Carvalho e Ana Janica, estagiárias do 3º ano do curso de enfermagem, a relação com os pais é importantíssima no tratamento das crianças. As duas estagiárias já passaram por várias áreas de enfermagem e a principal diferença que sentiram na pediatria foi “o contacto com os pais, que é determinante para o bom funcionamento do serviço”. Ana Janica explica que “é muito importante saber tratar das crianças, mas também contactar com os pais, dado que eles passam 24 horas por dia no hospital”. Inês Carvalho acrescenta que os pais “são os primeiros a tomar conta das crianças, visto que conhecem melhor os filhos do que ninguém”. A nossa função é “ajudá-los na parte técnica, esclarecer as suas dúvidas e apoiá-los em tudo que for preciso”, afirmam as duas estudantes.

Diariamente, as estagiárias confrontam-se com alguns problemas. “A falta de informação é dos mais graves”, diz Ana Janica. “Ainda há pouco ouvimos uma mãe a dizer que passou uma semana sem saber a evolução clínica do seu filho”, conta Inês Carvalho. “Isto não devia acontecer, os pais têm direito a saber o que é que se passa”, acrescentam as duas estagiárias. Também era importante “haver mais informação para as jovens mães”, dado que muitas das complicações que acontecem durante a gravidez “se devem a falta de informação”, diz Ana Janica.

Diana Fontes