Em conversa com o JPN, Carla Rio admitiu que as horas dedicadas ao “Hospital dos pequeninos” já são muitas esta semana, mas tanto esforço e cansaço vale a sempre a pena mesmo que não seja pago em dinheiro. A jovem médica confessou que depois de horas a fio a atender miúdos e bonecos, “a maior remuneração é ver os sorrisos das crianças”.
Isto é uma boa iniciativa também para os crescidos, mais precisamnete, para os médicos que estão aqui a trabalhar?
Sem dúvida, isto funciona como um pré-estágio para nós. Aquela parte social que cada médico deve ter é aqui que se começa a treinar,porque as crianças chegam aqui, vêm com medo e ainda para mais nós estamos de bata branca e o estetoscópio e é todo aquele símbolo que mete medo. Brincando com eles aprendemos como é que se deve lidar com as crianças.
Isto pode ser um incentivo para seguir pediatria?
Sim, toda a gente que sai daqui sai maravilhada, as crianças são impecáveis e saem-se com piadas fantásticas! Um dia encontrei um boneco que estava constipado e eu disse que se calhar ele tinha andado a correr e tinha transpirado muito e tinha constipado, então o menino disse-me “olha, tu não sabes que os bonecos não correm?”. Outra criança disse à minha colega que queria ser médico, ao que a minha colega disse “ah, então depois vens para o pé de mim”, então a criança disse “não, não, eu quero é ser médico a sério, não é de bonecos!”.
Estas iniciativas são muito cansativas e envolvem muito de cada profissional que aqui trabalha. Concorda com a frase que diz que quem corre por gosto não cansa?
Quem gostar mesmo disto continua a vir ano após ano. O que era bom era contactar com cada vez mais crianças, num espaço cada vez maior.
Estar aqui uma semana inteira não interfere nos estudos?
Se tivermos alunos que possam disponibilizar algum do seu tempo a atender crianças, é muito bom, não custa nada e funciona muito bem.
As pessoas que aqui estão no “Hospital dos Pequeninos” recebem algum tipo de remuneração ou é só a boa vontade e o gostar de crianças que move tantos médicos jovens?
Eu acho que a remuneração é ver os sorrisos das crianças, mesmo, e depois o final em que elas dizem “ adeus Carla, um beijinho”. Eles fazem sempre isso e é muito bom, não há mais nada senão isso e eu acho que vale mesmo a pena.
