Depois de terem estado uma semana paradas, recomeçaram as obras na superfície do Túnel de Ceuta. A autarquia justifica, em comunicado, o recomeço dos trabalhos em torno do Jardim do Carregal e nas áreas de acesso ao Hospital de Santo António, “em face da chantagem e da recusa de diálogo” do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e “fundamentalmente da insustentável situação em que se encontram o Hospital de Santo António”.

Em declarações ao JPN, Rui Rio, presente no local esta manhã, afirmou que as obras de segurança representam um “desperdício de dinheiro público numa época em que se aumentam os impostos”, quando, no entender do autarca, o que devia estar a ser feito eram os trabalhos de construção do túnel.

“Em nome do bem estar das pessoas que por aqui passam e que aqui vivem, há que tapar este buraco, ainda que não seja em definitivo”, justificou.

Falta de diálogo

Rui Rio “autorizou a GOP a negociar situações de carácter provisório, desde que garantidos os objectivos fundamentais aqui enunciados e que passam fundamentalmente pela rápida abertura ao trânsito do cruzamento junto ao Hospital”, diz a nota de imprensa da autarquia enviada ontem à noite.

Rui Rio responsabiliza a ministra da Cultura pelos prejuízos que as obras causam. Para o autarca, Isabel Pires de Lima “tem actuado no sentido de impedir a qualquer preço a conclusão do túnel e, fundamentalmente, o desenvolvimento dos trabalhos de segurança”.

“Com esta decisão, o presidente da Câmara do Porto pretende garantir aos portuenses em geral, aos moradores, comerciantes e utentes do Hospital – que são os principais mártires da perseguição do IPPAR – que tenham o mínimo de condições de vida, de tranquilidade e, acima de tudo, de segurança”, diz o texto.

A CMP responsabiliza o IPPAR por “qualquer consequência negativa para a saúde e segurança pública decorrente da situação de irresponsabilidade em que permanece a conduta de água que abastece a zona da Boavista através da Rua D. Manuel II”

O embargo foi solicitado pelo IPPAR e decretado pela ministra da Cultura no passado dia 2 de Maio. A Câmara, alegando razões de segurança, continuou as obras de escavações na zona embargada, a Rua de D. Manuel II.

IPPAR vai investigar

Fonte jurídica da delegação do Porto do IPPAR afirmou ao JPN que o organismo parte do princípio que as obras “não digam respeito à zona do embargo”.

A delegação relega para o organismo central uma posição que só será tomada depois de averiguações técnicas no local. “Fomos apanhados de surpresa”, diz a mesma fonte.

Letícia Amorim
Pedro Rios
Fotos: Pedro Rios