A Porta Férrea da Universidade de Coimbra foi hoje, quarta-feira, encerrada, durante 15 minutos, num protesto simbólico organizado pela Associação Académica de Coimbra (AAC) contra a situação vivida no ensino superior.

O encerramento ocorreu na manhã para a qual tinha estado prevista a cerimónia de abertura solene das aulas na UC, que o reitor Seabra dos Santos decidiu cancelar com base no anúncio da pretensão dos estudantes impedirem o acesso pela Porta Férrea.

Após o fim do encerramento simbólico, um grupo de estudantes com rostos vendados bateu, com força, em latas e plásticos, enquanto cartazes dispostos no edifício exibiam expressões como “Ilegais são as propinas” e “Força do medo vs força da razão”.

Fernando GonçalvesNuma clara alusão aos acontecimentos ocorridos no ano passado, o presidente da AAC, Fernando Gonçalves explica que “apesar de hoje não ser 20 de Outubro, os estudantes de Coimbra quiseram manifestar o seu desagrado pelo que se tem passado na Universidade de Coimbra”, referindo-se aos cortes de 3% que se verificaram no financiamento da universidade e na acção social.

O principal acesso à reitoria, à Faculdade de Direito e ao conjunto monumental do Paço Real das Escolas, foi vedado com um painel gigante, no qual os estudantes reivindicavam “por uma educação gratuita e de qualidade”.

“Um ano depois a Academia não esquece”

No mesmo painel lia-se “um ano depois a Academia não esquece”, numa referência aos acontecimentos de 2004, quando os estudantes que tentavam invadir a reunião do Senado foram reprimidos pela polícia.

O presidente da AAC explicou ao JPN que o cancelamento da abertura solene “só veio fortalecer a manifestação e o encerramento simbólico” no dia em que os estudantes quiseram “marcar uma posição no âmbito do processo de luta” e relembrar as agressões do ano passado em que um aluno foi detido pela polícia no espaço da universidade.

Estudantes repudiam “ultimato” do reitor

Em confronto directo com o reitor, Fernando Gonçalves questiona se serão apenas os estudantes a terem culpa em todo este processo, quando Seabra dos Santos no comunicado de ontem, em que anunciava o cancelamento da abertura solene, “fazia um ultimato em tom intimidatório aos alunos, relembrando que a polícia podia voltar à universidade”.

O dirigente académico, que considera a decisão do reitor uma “opção política”, relembra que tal situação de “ultimato” nunca aconteceu com nenhum outro reitor.

O JPN tentou contactar o reitor da UC, que se mostrou indisponível para reagir às críticas do presidente da AAC.

Pedro Sales Dias
Foto: PMundo.free.fr