Associação Académica aposta na mobilização dos estudantes para a manifestação nacional do dia 9 de Novembro e desvaloriza "politização" do desfile da Latada.

Hoje, terça-feira, as ruas de Coimbra receberam o Cortejo da Latada que, além de simbolizar as boas-vindas aos caloiros da academia, foi pretexto para críticas contra a política do ensino superior. Desta vez, o desfile foi “politizado”, uma decisão tomada em Assembleia Magna no passado dia 12 na sequência da contestação à política educativa para o ensino superior seguida pelo Governo.

Reforçando que o Cortejo da Latada é uma tradição, o presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Fernando Gonçalves, esclareceu ao JPN que a politização do desfile “não se trata de um protesto”, mas, antes, de uma acção de “mobilização dos estudantes, em que os caloiros trazem críticas relativamente ao Governo. Isso fica ao critério dos padrinhos”, e depende da “criatividade das pessoas”, esclareceu.

Recorde-se que os estudantes contestam o corte de 3% no financiamento da Universidade de Coimbra, a redução de 200 mil euros nas verbas de acção social escolar e a actualização das propinas.

Coimbra aposta em campanha de mobilização

Fernando Gonçalves esclareceu que um dos objectivos do Cortejo da Latada de hoje é “passar uma mensagem relativamente à acção que tem lugar dia 9 [manifestação nacional de estudantes prevista para Lisboa]”. Por isso, foi distribuída uma pulseira aos estudantes para que estes se “lembrem do dia 9 e para que se questionem acerca dos problemas do ensino superior”, justificou o presidente da AAC.

O dirigente académico lembrou ainda que, durante os últimos dias, tem sido levada a cabo, em Coimbra, uma campanha de sensibilização para os problemas do ensino superior e da educação em Portugal. “Ontem, por exemplo, distribuímos 10 mil balões” alusivos à questão, refere. Trata-se de uma “campanha geral de mobilização”, concretiza.

Questionado acerca do facto de o último Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA), que teve lugar em Aveiro entre 30 de Setembro e 2 de Outubro, ter sido estéril quanto à definição de estratégias de luta, Fernando Gonçalves justifica que, naquela altura, “as associações não tinham ouvido os seus estudantes” e que só agora chegaram à conclusão de que é “necessário assumir uma posição”.

Ana Correia Costa
Foto: Arquivo JPN