Joana Amendoeira (na foto) e Helder Moutinho abrem hoje, terça-feira, em Londres, o Festival Atlantic Waves. Mas nem só de fado, tradicional exportação portuguesa, vive o evento organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian: até 30 de Novembro, passam por algumas das salas mais importantes de Londres muitos nomes que vão do pop-rock, como WrayGunn, The Gift, Blasted Mechanism e Dead Combo, ao free jazz e à improvisação (Sei Miguel, Rafael Toral, Manuel Mota, etc.).
A política tem sido sempre a mesma: apresentar o que se faz de melhor em Portugal sem reduzir o espectro, “não mostrar apenas uma faceta, seja tradicional, como o fado, ou elitista, como a música contemporânea”, refere Miguel Santos, director do festival e do departamento de relações culturais anglo-portuguesas da delegação inglesa da Gulbenkian.
Abrir portas
Através da música, a Gulbenkian quer divulgar “uma imagem de um Portugal moderno e aberto”, afirma Miguel Santos. O festival tenta “quebrar” a “imagem desfasada” no tempo que muitos estrangeiros têm de Portugal – um país pouco desenvolvido cuja música se reduz praticamente ao fado.
Quatro anos volvidos, o Atlantic Waves é um festival já esperado pelo público e agentes culturais londrinos. Miguel Santos observa uma maior “receptividade” ao evento, “quer dos agentes culturais, quer da imprensa”. “Há várias pessoas influentes aqui no Reino Unido que já têm o festival como um dos mais importantes”, garante. O sucesso deve-se à regularidade do evento desde 2001 e à aposta na divulgação junto dos londrinos e não apenas na comunidade portuguesa, sustenta.
Para Miguel Santos, as cinco edições do Atlantic Waves permitiram já melhorar a divulgação da música portuguesa em Londres. “Neste momento há mais discos portugueses a ser editados, mais digressões e mais agentes interessados”, diz, reconhecendo, contudo, a “competição terrível” – só em Londres há cerca de 700 concertos por dia, exemplifica.
Programa de educação
A organização do Atlantic Waves está também a desenvolver um “lado muito forte do festival”: “um fortíssimo programa de educação”. Todos os dias, 30 alunos entre os 10 e os 13 anos, a maior parte portugueses mas também ingleses, de meios sociais menos favorecidos, têm acesso a “workshops” e a visitas aos bastidores, onde podem dialogar com os artistas.
O festival apresenta também músicos de Angola, África do Sul, Coreia do Sul, Macedónia, Áustria, Estados Unidos, Moçambique, entre outros países, que vão colaborar em palco com os artistas portugueses.