A União Europeia (UE) vai continuar a apoiar financeiramente a Autoridade Palestiniana, esperando que o novo governo, que será formado pelo movimento radical Hamas, respeite o processo de paz, reconheça o estado de Israel e renuncie à violência.

“O Conselho manifestou intenção de continuar a apoiar a Autoridade Palestiniana mas o novo Governo terá de respeitar” alguns princípios, disse o secretário de estado dos Assuntos Europeus, Fernando Neves, no final da reunião com os seus homólogos da UE.

“Espera-se para ver” o comportamento do Hamas à frente do novo governo palestiniano, resumiu o secretário de estado.

Os ministros dos negócios estrangeiros saúdam a forma “livre” como decorreram as eleições na Palestina, que o Hamas venceu de forma expressiva – vai ocupar 76 dos 132 lugares do parlamento da Autoridade Palestiniana.

A reunião da UE de hoje foi a primeira desde a vitória esmagadora do movimento islâmico, responsável por ataques mortíferos contra colonos e militares israelitas. O Hamas não reconhece o estado de Israel e é considera uma organização terrorista pela UE.

Antes do encontro, o chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, lembrou à AFP que o Hamas foi uma “organização terrorista”. Por isso, “têm que mudar os seus métodos e aceitar que a violência é incompatível com a democracia”. “Têm também que reconhecer Israel, porque no fundo o que estamos a tentar fazer é construir um modelo com dois estados e para tal, é necessário falar com o outro”, acrescentou.

A UE é a maior financiadora da Autoridade Palestiniana. Em 2005, a União apoiou o processo de paz com cerca de 280 milhões de euros.

Hoje, o Hamas pediu a manutenção da “ajuda moral e financeira” à Autoridade Palestiniana. O dinheiro, disse um dos principais líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, “será utilizado em função das necessidades do povo”. Haniyeh apelou ainda a um diálogo “sem condições com um espírito de neutralidade”.

Os responsáveis da UE devem defender a posição definida hoje na reunião que têm hoje, ao final do dia, em Londres, com o Quarteto (UE, Estados Unidos, Rússia e Nações Unidas).

JPN
c/ agências
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