Numa conferência de imprensa na sede da comissão de trabalhadores do BPI no Porto, as comissões de trabalhadores do BPI e da PT manifestaram preocupação em relação às ofertas públicas de aquisição (OPA) da PT pela Sonae.com e do BPI pelo BCP. Os dois grupos analisaram as OPA lançadas às empresas onde exercem cargos e concluem que são “desnecessárias, destrutivas e prejudicam em muito os trabalhadores.”

Segundo os responsáveis das duas comissões, as OPA levam à redução de milhares de postos de trabalho, diminuem a concorrência e aumentam a concentração dos grandes grupos financeiros. Para além disso, prejudicam os clientes devido à perda de competitividade.

Francisco Gonçalves, da comissão de trabalhadores da PT, vai mais longe ao dizer que “todos os portugueses vão sofrer com as OPA”, referindo que a concentração das empresas faz diminuir o pagamento de impostos. “Esta OPA vai sair do bolso de todos”, afirmou.

Oliveira Alves, da comissão de trabalhadores do BPI, condenou a possibilidade de serem encerrados cerca de 300 balcões da rede bancária, no caso da OPA se concretizar, e alertou para uma possibilidade de contra-OPA, para a qual os trabalhadores também se insurgirão. “Nem OPA, nem contra-OPA”, afirmou.

Alves falou ainda do excessivo aumento dos dividendos dos accionistas no caso das operações se concretizarem. “Não queremos que façam o aumento do capital das empresas à custa dos trabalhadores”, redarguiu.

O representante dos trabalhadores do BPI lamentou também que os responsáveis da rede bancária não tenham dado oportunidade aos funcionários de se exprimirem em relação às OPA. “Os trabalhadores nunca têm uma palavra a dizer”, lamentou.

“Vamos lutar contra as OPA”

As duas comissões de trabalhadores prometeram lutar contra as OPA propostas e contra as administrações que as propuseram. Tanto a comissão de trabalhadores do BPI como a da PT vão manifestar-se frente à Assembleia da República no próximo dia 19, com o intuito de entregar um abaixo-assinado ao primeiro-ministro, José Sócrates.

“O negócio não pode ir avante”, referiu Francisco Gonçalves. “Iremos encetar formas de luta com os trabalhadores”, afirmou.

Os dois grupos pretendem emitir um parecer sobre as OPA junto da Autoridade da Concorrência, da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários e “solicitar audiências ao primeiro-ministro e ao Presidente da Républica para mudar o estado das coisas”, até que lhes sejam dadas garantias que não irão sofrer consequências quando os negócios se concretizarem.

Texto: David Pinto
Foto: Pedro Gonzaga Nolasco