O Governo apresenta hoje, sexta-feira, a rede de cuidados continuados integrados para a saúde nacional. O programa, vocacionado essencialmente para idosos e dependentes, pretende garantir tratamentos médicos continuados após alta hospitalar.

É também objectivo do Governo diminuir o número de internamentos hospitalares e aumentar o número de camas disponíveis para doentes crónicos e em convalescença. Segundo dados apontados pelo ministro da Saúde numa sessão parlamentar, o programa vai permitir, até 2010, um aumento de 16 mil camas para os doentes crónicos e ao mesmo tempo uma diminuição de 5% do número de camas ocupadas por pacientes que não necessitam deste tipo de cuidados.

A implementar nos próximos dez anos, a rede de cuidados continuados foi aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Março e será hoje apresentado numa cerimónia com a presença do primeiro-ministro.

Uma das grandes apostas do projecto é a criação de equipas domiciliárias, que deverão deslocar-se às casas das pessoas idosas e dependentes. O acompanhamento será feito por médicos, enfermeiros e assistentes sociais, que deverão formar equipas conjuntas e multidisciplinares numa rede integrada a nível nacional, a funcionar em colaboração com instituições de solidariedade e serviços, públicos e privados. A estas equipas caberá ainda a tarefa de avaliar o estado de saúde dos pacientes, para averiguar eventuais necessidades de transferência para outro tipo de cuidados.

A rede vai ainda integrar unidades de convalescença. O programa também contempla a criação de unidades de internamento para os idosos, medida que pretende aliviar os familiares dos idosos, que poderão, por exemplo, deslocar-se em férias com a possibilidade de deixarem os idosos no hospital. O documento prevê, no entanto, que este apoio tenha uma duração não superior a 90 dias.

Inês Guerreiro, do ministério da Saúde, em entrevista à RTP, diz que a “falta de rede de cuidados continuados era uma grave lacuna no serviço nacional de saúde”. De acordo com a profissional de saúde, é preciso “reorganizar o que já existe” de forma a orientar um melhor plano de saúde. O exemplo é patente nas visitas domiciliárias que já se fazem, mas não de forma homogénea por todo o país.

A rede de cuidados continuados vai desenvolver-se segundo uma articulação entre o ministério da Saúde e o ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (co-financiadores), e vai também tentar desenvolver parcerias com outras entidades. De acordo com Inês Guerreiro, o programa deverá entrar em funcionamento em Julho, com “unidades de internamento contratualizadas”.

Rita Pinheiro Braga
Foto: Pedro Rios/Arquivo JPN