É quase um século de história: a Livraria Académica, no Porto, dedicada ao comércio de livros raros e antigos, celebrou recentemente 95 anos.

O pelouro da Cultura da Câmara Municipal convidou a livraria a abrir o ciclo “Comércio de Tradição”, uma iniciativa que pretende divulgar o património das mais antigas casas comerciais portuenses.

Nuno Canavez, proprietário do estabelecimento, ficou agradado com o convite. “É sinónimo que as pessoas se interessam por este tipo de casas. É uma casa de cultura, com uma cultura permanente que são os livros e eu costumo dizer que não podem existir povos se não houver cultura”, diz.

A exposição documenta algumas das memórias de 95 anos de existência e encontra-se organizada em três núcleos. O primeiro diz respeito à casa e ao seu fundador, Joaquim Guedes da Silva, e conta com objectos pessoais, o primeiro catálogo que elaborou (em 1913) ou a primeira obra que adquiriu. “Um curso francês de educação feminina composto por 13 volumes e que custou 13 tostões”, recorda.

O segundo está relacionado com Trás-os-Montes, região de origem do actual proprietário. Nuno Canavez destaca “um pequeno conjunto de obras da autoria e que pertenceram ao Abade de Baçal, etnógrafo de grande envergadura nascido no concelho de Bragança”.

Há ainda espaço na exposição para um núcleo dedicado a encadernações artísticas, de várias épocas, com vários estilos e diferentes tipos de encadernação.

Questionado sobre a actual situação dos estabelecimentos tradicionais no Porto, o proprietário atribui a degradação do comércio à diminuição da população na cidade. “Está a despovoar-se dia-a-dia. Os habitantes fugiram para a periferia. Com menos gente as casas vão desaparecendo”, lamenta, considerando importante que haja incentivos para protejer e promover o comércio tradicional.

A exposição encontra-se patente na Palacete dos Viscondes de Balsemão, na Praça de Carlos Alberto e pode ser visitada até 20 de Abril, todos os dias úteis, das 9h às 20h.