O maior atentado de sempre em Espanha, que já fez pelo menos 192 mortos e 1427 feridos (últimos dados provisórios avançados pelo El Mundo) poderá não ter mão da ETA, mas sim da Al-Qaeda. A polícia espanhola encontrou na localidade madrilena de Alcalá de Henares uma carrinha roubada com sete detonadores e uma cassete em árabe com versículos do Al Corão. Para além disso, foi publicada no diário árabe “Al-Quds” uma suposta carta das Brigadas de Abu Hafs al-Masri, grupo terrorista ligado à Al-Qaeda, reivindicando a autoria dos atentados.

O Governo espanhol afirmava ontem à tarde acreditar que o grupo terrorista basco era o responsável pela tragédia que pôs a Espanha e o Mundo em choque. No entanto, no espaço de poucas horas, o ministro do Interior, Ángel Acebes, veio assumir que outras possibilidades estão a ser investigadas.

Em declarações ao El Mundo, Abdel Bari Atwan, o director do jornal “Al-Quds” que publicou a alegada carta da Al-Qaeda, diz acreditar que o texto pode ser autêntico pois utiliza uma “linguagem similar” a outras mensagens da rede terrorista. Atwan foi um dos poucos jornalistas que entrevistou Bin Laden e o seu diário é usado frequentemente pela Al-Qaeda para publicar as suas ameaças.

Na carta, afirma-se que “o esquadrão da morte conseguiu penetrar no corações dos Cruzados europeus e infligir um golpe doloroso num dos pilares da aliança cruzada, a Espanha”. “Se está bem para vós matar as nossas crianças, mulheres, velhos e jovens no Afeganistão, Iraque, Palestina e Caxemira, porque é que não podemos matar os vossos?”. “Nós, as Brigadas de Abu Hafs al-Masri, não sentimos pena pelos chamados ‘civis'”.

Pedro Rios
com El Mundo