A Assembleia Nacional Popular da China (ANP) deverá aprovar hoje a lei anti-secessão, que prevê a utilização de “meios não pacíficos” contra Taiwan. A antiga ilha Formosa é considerada, pelo regime chinês, uma província renegada, e o uso da violência serviria como forma de obrigar o governo de Taiwan a integrar-se na República Popular da China (RPC).

Um porta-voz da Assembleia, Jiang Enzhu, em declarações à agência Reuters, refere que esta lei não é um acto de “mobilização para a guerra”, mas um documento para promover uma “reunificação pacífica”. O uso da violência será apenas em último recurso, caso as negociações pacíficas para a reintegração da ilha não cheguem a ser bem sucedidas.

Apesar de tudo, a China, mantém 700 mísseis apontados a Taiwan. “Nenhum país soberano pode excluir o uso da força”, afirma o vice-presidente da ANP, Wang Zhaoguo.

O presidente pró-independentista de Taiwan, Chen Shui-bian, já descreveu a lei como uma “justificação legal” para a China invadir a ilha no futuro.

O Presidente da República Popular da China, Hu Jintao, segundo a agência oficial Xinhua, garantiu que Pequim continuará a desenvolver os “maiores esforços para uma reunificação pacífica” e que a RPC está disponível para negociações com Taiwan, desde que o executivo de Taipé reconheça a política de “Um País, Dois Sistemas”, que permitiu a devolução à soberania chinesa de Hong Kong e Macau.

No entanto, Chen Shui-bian, declarou, recentemente, que a reunificação não será possível enquanto Pequim não operar a democratização do regime.

Protestos em Tiananmen

Ontem, a polícia deteve 20 pessoas, para além de algumas crianças, que se manifestavam na Praça Tiananmen, em Pequim, à porta do edifício onde o Parlamento está reunido para a sua sessão anual. A razão do protesto não é totalmente conhecida, mas um dos manifestantes terá gritado “contra a lei anti-secessão”, segundo a Reuters.

Nova potência militar em crescimento

Segundo analistas do conflito, uma possível solução para evitar a invasão de Taiwan seria aumentar o investimento directo da ilha na China continental e a presença do investimento estrangeiro no território chinês. Isto permitiria a criação de laços de interdependência entre as duas economias e tornaria economicamente inviável uma eventual invasão à antiga Formosa.

A possibilidade de a China se poder vir a tornar uma grande potência militar tem vindo a preocupar os Estados Unidos – que se mantêm ocupados com a retirada das tropas sírias do Líbano. O orçamento da Defesa chinês registou um aumento de 12% no investimento, o que corresponde a trinta mil milhões de dólares – mais de vinte mil milhões de euros. No entanto, alguns analistas consideram que o valor real do investimento poderá ser bastante superior.

Daniel Brandão