“O país não está preparado para eleições livres e justas”, concluiu num relatório de Fevereiro a Zimbabwe Electoral Support Network, uma associação zimbabweana encarregue de coordenar o processo eleitoral.

As eleições legislativas estão marcadas para hoje, quinta-feira. Pelo menos 5,8 milhões de zimbabweanos serão chamados às urnas, apesar de a vitória da União Nacional Africana do Zimbabwe – Frente Patriótica (ZANU-FP), partido do actual presidente, Robert Mugabe (no poder há 25 anos), ser praticamente certa. O clima de “medo” e “intimidação” em todo o país condicionará a tendência de voto a favor da ZANU-FP, no entender de organizações de direitos humanos locais e internacionais.

Sendo assim, a questão central destas eleições não será tanto saber se a oposição tem hipóteses de derrubar Mugabe, mas saber se o partido do governo consegue conquistar uma maioria de dois terços da Assembleia, o que lhe permitiria limitar ainda mais a margem de manobra de adversários que têm vindo a perder influência desde as últimas eleições em que quase derrotaram o ZANU-FP. A primeira medida a adoptar por Mugabe será mudar a Constituição para que o presidente tenha o poder de nomear um sucessor e, assim evitar a convocação de eleições.

Daniel Brandão