São três pessoas bem-sucedidas que provêm da Faculdade de Belas-Artes do Porto. Em tempo de crise, ficamos a saber que não há apenas histórias tristes para contar. Em áreas diferentes, António Rui Ferro, Marta Lima e Marta Madureira deixam um rasto de esperança no ar para aqueles que vêem com pessimismo o futuro das belas-artes.

Azulejos portuenses no Lumiar

Dos dois primeiros, formados em Escultura, António Rui Ferro é o único que se mantém na faculdade, agora como professor. Mas o seu caso de sucesso está relacionado com outro episódio que nada tem a ver com o ensino. Juntamente com a mulher, Marta Lima, e com um grupo de outras pessoas ligadas a diversas áreas, o escultor ganhou um concurso que lhe permitiu, juntamente com os colegas, desenvolver um projecto de “intervenção plástica” na estação de metro do Lumiar, em Lisboa. O resultado foram 2.050 metros quadrados ocupados por cem mil azulejos. Apesar de tudo, por limitações diversas, o resultado final ficou bastante diferente do projecto inicial.

Tudo começou em 1999, quando enviaram o seu trabalho para um concurso aberto pela empresa do Metro de Lisboa. Ficaram em terceiro lugar sendo que, curiosamente, não foi atribuído primeiro lugar. Mas nem tudo foram rosas. O casal refere o facto de “em cinquenta anos, apenas ter havido um concurso ao qual os jovens artistas pudessem concorrer”. Mesmo assim, António Rui Ferro salienta que, se os jovens artistas não se querem sentir ignorados, “precisam de toda a iniciativa”, já que “nada é dado”.

As ilustrações de Marta

O outro caso é o de Marta Madureira, ex-aluna do curso de Design, para o qual se mudou após três anos em Pintura, que deixou por achar as telas muito grandes, preferindo pequenos pedaços de papel.

Depois de ganhar o Prémio Jovens Criadores, em 2002, com um trabalho de ilustração baseado no livro de Tim Burton, “A morte melancólica do rapaz ostra e outras histórias”, Marta voltou a vencer, desta vez em animação, com “As máquinas de Maria”. O filme conta a história de uma menina que procura resolver os seus problemas inventando máquinas surreais. O mesmo filme ganhou também o festival Corta!, na categoria de animação.

Marta Madureira, ilustradora e também designer, concluiu o curso e trabalha agora fazendo ilustrações para outras pessoas. Quando lhe perguntamos em que é que o sucesso nos concursos a ajudou na carreira, a jovem refere os contactos que essas vitórias lhe proporcionaram. Entretanto, realizou um projecto para a Casa da Animação, “Spectrum Melody Show”, e tem outras ideias numa colaboração entre aquela instituição e o Festival de Curtas-metragens de Vila do Conde. Para além disso, Marta continua a colaboração com a revista Op, iniciada quando ainda era estudante, e tem projectos para um livro.

Carlos Luís Ramalhão