A má distribuição dos médicos por especialidade é a causa do mau funcionamento do sistema nacional de saúde, diz o director da Faculdade de Medicina da UP.

O director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), José Amarante, considera que o problema do sistema de saúde português é a “má distribuição dos médicos seja por especialidade, seja ao nível nacional”. Para o professor, “as especializações, em Portugal, nunca foram coordenadas e programadas” de forma a colmatar correctamente as diferentes falhas de clínicos nas várias áreas da medicina.

José Amarante encara com bons olhos a intenção que o ministro da Saúde manifestou em recrutar médicos no estrangeiro para combater a falha existente nos centros de saúde portugueses, salvaguardando a “competência, empenho e capacidade de diálogo com os pacientes dos médicos”. O professor considera que a especialização destes em clínica geral pode ser feita “à posteriori”, à semelhança do que aconteceu com muitos clínicos portugueses, uma vez que esta formação é recente. O estágio nos hospitais e centros de saúde, com a devida orientação também poderão ajudar à correcta integração na área.

Apesar da maioria dos médicos estrangeiros a trabalhar em Portugal não terem especialização, o professor considera a formação em clínica geral pode ser feita à posteriori, à semelhança do que aconteceu com muitos clínicos portugueses, uma vez que esta especialização é recente. O estágio nos hospitais e centros de saúde, com a devida orientação também poderão ajudar à correcta integração na área.

Para José Amarante, o simples aumento de “numerus clausus” não é suficiente para combater a falta de médicos, caso não sejam criadas condições para sustentar tal. Isto levaria à “formação de médicos de terceira, o que ficaria muito caro para o Estado”, que teriam posteriormente que criar pós-graduações.

Durante o Governo de Guterres ficou estipulada a construção de um edifício na FMUP de forma a possibilitar o aumento do número de vagas para 190. Entretanto a faculdade já dispõe de 210 vagas, mas o espaço nunca foi construído. O director da FMUP propôs ainda ao último governo a abertura de mais 40 vagas, mas não obteve resposta. Tudo depende do levar avante a construção da infra-estrutura, segundo José Amarante.

José Amarante considera ainda bastante positiva a intenção deste Governo aproximar os profissionais dos centros de saúde com os dos hospitais e sector social e de promover o apoio domiciliário.

A FMUP já está “preparada e motivada” para dar este tipo de auxílio. O centro de saúde do S. João, que está sob alçada directa da Universidade do Porto e não do Ministério da Saúde, já tem um serviço de voluntariado onde os seus alunos prestam apoio domiciliário.

Milene Marques