São seis toneladas de lixo que estão depositadas desde ontem, segunda-feira, na praça D. João I, na baixa portuense, junto ao Teatro Rivoli. “Fizemos a deposição do lixo como um sinal de alerta e mensagem explícita aos portuenses de que temos de ter mais cuidado com a forma como tratamos a nossa cidade”, explica António Barros do Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal do Porto (CMP) ao JPN. A iniciativa integra-se na campanha “Porto mais limpo – Cidade Acolhedora”, que promete surpreender os cidadãos do Porto com algumas das iniciativas programadas.

“Os portuenses são descuidados com o lixo. Pensam que é normal deitar guardanapos, pontas de cigarro ou latas de bebidas para o chão. Não cuidam dos espaços da nossa cidade”, diz António Barros. O monte de lixo deverá permanecer naquela praça, junto ao Teatro Rivoli, até quinta-feira. Até lá, vai acumular alguns dos resíduos varridos nas ruas da cidade do Porto.

Lixo é o principal actor das surpresas da CMP

“O lixo é o nosso principal actor. Somos artistas do lixo, pegamos naquilo que temos e tentamos, através de algum simbolismo, fazer as pessoas pensar”, explica António Barroso. O responsável da CMP explica que os milhares de pessoas que passam pela praça mostram-se surpreendidas, “não faziam a mínima ideia que ao fim do dia a cidade do Porto ficava tão suja”. São cerca de 24 toneladas de lixo que diariamente são recolhidos nas ruas do Porto.

“Pecados mortais da sujidade”

A cidade tem vindo a evoluir no âmbito da separação do lixo. “12% dos nossos resíduos são separados selectivamente, fruto do investimento que temos feito em ecopontos”, menciona o técnico. Por outro lado, António Barros considera que as pessoas têm a informação necessária só que não a sabem utilizar. “Ainda estamos aquém da expectativa. Há lixo no chão, à volta dos contentores e na via pública”, lamenta.

Com esta campanha, a CMP quer combater os “sete pecados mortais da sujidade”: deitar lixo para o chão, não separar os resíduos recicláveis, não remover da via pública os dejectos dos animais, destruir ou vandalizar equipamento, alimentar aves, como pombos, ou outros animais, depositar lixo fora dos contentores e abandonar móveis, colchões e outros grandes objectos na rua.

Do conjunto de iniciativas programadas, o vereador do Ambiente Rui Sá destaca a proposta, a apresentar em reunião de câmara, em Maio, que prevê a gratuitidade do serviço de recolha ao domicílio dos chamados “monstros domésticos”, ou seja, electrodomésticos, móveis e outros objectos de grandes dimensões. O vereador promete ainda aumentar a capacidade deste serviço, para permitir que a recolha se faça em 48 horas.

Esta é a segunda edição da campanha “Porto Mais Limpo – Cidade Acolhedora”. A primeira edição realizou-se durante o Euro 2004. No âmbito desta campanha, estão a ser distribuídas mensagens através de “informails”, juntamente com as facturas da água, tendo também sido afixados cartazes publicitários e realizados “spots” em várias rádios.

A autarquia pretende passar a mensagem de que “a cidade mais limpa não é a que se limpa muitas vezes, mas a que se suja menos”. O vereador do Ambiente promete mais surpresas até ao final da campanha, previsto para Junho.

Pedro Sales Dias