Na FCDEF, o processo de adaptação a Bolonha aguarda a regulamentação governamental. No entanto, António Tavares, membro do Conselho Científico da FCDEF, é peremptório: “não queremos que, em nome de um projecto cujos contornos não são muito claros para nós, se deite abaixo um curso de qualidade”.

Está a FCDEF preparado para Bolonha?

Estamos na expectativa, como estão outras escolas aqui na universidade, em relação ao que vai acontecer na Assembleia da República no que concerne à regulamentação sobre estas matérias. Mas isso não quer dizer que as nossas ideias não estejam já praticamente definidas no sentido de, quando chegar a altura, podermos decidir.

E o que é que já está definido?

Está definido o que nós queremos e aquilo que não queremos.

E o que é que querem?

Aquilo que nós queremos é manter um curso que, até hoje, aqui no país, mas também no estrangeiro, é reconhecidamente um curso de qualidade. E não queremos que, em nome de um projecto cujos contornos não são muito claros para nós, se deite abaixo um curso de qualidade. O nosso curso é o que está melhor colocado em Portugal, em termos de avaliação externa.
Nós compreendemos que o Processo de Bolonha tem também implícitos aspectos importantes, incluindo aqueles que têm a ver com a racionalização dos gastos e da gestão dos dinheiros públicos. Estamos sensíveis a isso. Agora não vamos aceitar que em nome das contenções orçamentais de qualquer tipo, se vá espetar a faca às universidades. Até porque todo o processo de Bolonha se baseia e fundamentado na melhoria da qualidade e da competitividade das universidades portuguesas. Portanto, tudo o que se afastar desse objectivo vai contar com a nossa oposição.

Vão optar pela solução 3+2 ou 4+1?

Nós não temos ainda isso definido porque isso vai depender de várias coisas. Vai depender do financiamento e vai também das opções dos vários cursos. Se o primeiro ciclo pretender ser, como se propunha inicialmente, uma primeira formação básica, mas profissionalizante, nós não vamos aceitar o 3+2. Se, pelo contrário, o primeiro ciclo for encarado como uma formação estritamente básica, aí penso que o 3+2 converge para aquilo que nós achamos importante.
Não aceitamos é que, numa área como a nossa, que tem uma componente de formação profissionalizante muito importante e que tem também grandes exigências de formação básica, se consiga abrangir tudo em três anos e mesmo assim manter a qualidade.

Três anos não chegam, portanto.

Não, não chegam.

Mas ainda há o segundo ciclo. Como que é está definido?

Poderá ter uma orientação mais profissionalizante ou mais científica e académica. Em todo o caso, não passa pela nossa ideia manter o actual enquadramento, ou seja, uma formação profissionalizada de 5 anos. Achamos razoável que o curso não seja tão extenso, quer por razões de custos, quer por razões de harmonização com aquilo que se passa noutros países.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já anunciou que o nível financiamento do segundo ciclo será igual ao do primeiro ciclo, mas apenas nos cursos onde os 5 anos sejam considerados essenciais ao exercício da profissão. A FCDEF está incluída neste grupo?

Penso que sim. A maior parte dos programas de formação aqui leccionados têm uma vocação profissionalizante.

Texto e foto: Miguel Conde Coutinho