Quais são os maiores desafios que um gestor de recursos humanos tem de enfrentar actualmente?

Um dos grandes desafios é a formação, pela sua vertente e capacidade de mudança das organizações que têm que estar cada vez mais preparadas para enfrentar um futuro difícil, em que as pessoas deverão ter mais competências, com as quais consigam desenvolver um trabalho excelente.

Mas não é tarefa fácil. Ainda há resistência à mudança e muitas vezes a formação só é feita por ser obrigatória. Como é que enfrenta estas situações mais difíceis?

Vou lidando… Essas situações têm-se superado com alguma facilidade, até porque os gestores estão um pouco mais abertos à possibilidade de fazerem formação e estão mais informados e ouvem mais o formador, o “coach” ou consultor de recursos humanos. Aceitam melhor as opiniões e quando percebem que resolver competências tem a ver com a rentabilidade do negócio é mais fácil conseguir obter uma parceria melhor da parte deles.

Diz-se muitas vezes que o que Portugal precisa é de líderes e não de patrões. Pela sua experiência, acha que no país há mais líderes ou patrões?

Decididamente, tem mais patrões. Mas estamos no bom caminho. Para ser líder é preciso muito. Não é qualquer pessoa que faz um bom líder. Não se é líder por nascença. Ao contrário do que as pessoas dizem, não é inato. Um líder faz-se. Acho que ainda teremos de percorrer um longo caminho até termos lideres eficazes.
Mas continua a existir a cultura do patrão. Ainda há uma cultura paternalista em que não é dada autonomia praticamente nenhuma aos colaboradores. Eles não podem nem mostrar a sua criatividade, empreendedorismo nem o seu espírito de iniciativa porque a tal orientação paternalista tem muito a ver com dirigir e direccionar as pessoas da forma como se quer.

O que pode fazer um recém-licenciado em Recursos Humanos para mudar uma ideia que está muito impregnada no tecido empresarial português que encara os recursos humanos como uma mera peça no mecanismo produtivo?

A esperança é a última a morrer. As pessoas devem ter esperança porque em breve teremos organizações diferentes. Todos já estamos alertados e as pessoas saem das escolas alertadas para todas estas dificuldades.
Há empresas modelo no nosso país. O gestor português tem muito o hábito de ir buscar modelos a qualquer lado e acha que esse modelo se ajusta perfeitamente à sua realidade, o que não é verdade. Portanto, neste momento, o mais importante para o gestor de recursos humanos é desenvolver competências, saber escolher as pessoas certas para cada cargo e, por outro lado, focar-se nas pessoas, na componente emocional que é muito importante nos dias de hoje.

Texto e foto: Anabela Couto
Hugo Manuel Correia