O ministro do Comércio chinês anunciou ontem, quarta-feira, que o seu país “não vai impôr medidas de auto-restrição sobre as suas exportações têxteis”, apesar dos apelos da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos (EUA).

Em comunicado oficial, Bo Xilai declarou que “a liberalização dos têxteis é uma regalia a que a China tem direito com a entrada para a Organização Mundial do Comércio (OMC)”, e acrescentou que “não se deve recuar” no princípio acordado do fim das quotas têxteis. O acordo estipula a eliminação de barreiras nas trocas internacionais deste sector e está em vigor desde 1 de Janeiro.

Americanos limitam importações

A administração Bush já avançou com políticas de protecção contra a invasão dos têxteis chineses, justificadas com o aumento súbito da compra de produtos têxteis comprados à China, a partir de Janeiro. As medidas vão limitar o crescimento das importações vindas do gigante asiático a 7,5% do total das importações americanas de 2004.

As quotas agora decididas pelos EUA atingem as camisas e calças de algodão ou em fibras, manufacturadas para homem, rapaz e senhora. A roupa interior para homem também será protegida.

UE ameaça impôr mais restrições

Para além das restrições que estão já a ser negociadas entre a UE e a China, e que envolvem o mercado das t-shirts e do fio de linho, Durão Barroso já admitiu ontem, em declarações à rádio francesa Europe 1, estar “pronto a ir mais longe” e afirmou estar “estar verdadeiramente preocupado com a situação”.

Os resultados de uma investigação a nove categorias de produtos têxteis accionada pela Comissão Europeia demonstraram “uma grave deterioração da produção, rentabilidade e emprego na indústria comunitária para estas categorias, nomeadamente na Grécia, em Portugal e na Eslovénia”.

O acordo de adesão da China à OMC prevê que os seus parceiros comerciais podem avançar com medidas de salvaguarda, caso seja provado que os têxteis chineses estão a provocar pertubações nos mercados destino.

Miguel Conde Coutinho
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