“Se estamos à espera que grupos corporativos, invariavelmente pagos pelo Orçamento de Estado, mudem as coisas, é melhor esperarmos sentados”. Foi com palavras duras face à situação de “queixume” que atravessa o país que o presidente da PME Portugal, Joaquim Rocha da Cunha, apresentou hoje, quarta-feira, alguns dos projectos de criação de empresas com sucesso da segunda edição do programa Empreendedoras PME.

Na delegação norte da associação estavam presentes algumas das 20 empresárias com projectos mais avançados na segunda edição do programa.

“Quem cria riqueza são pessoas como estas que estão aqui que, ao contrário de muita gente, lançam o seu negócio”, afirmou Joaquim Rocha da Cunha. Referindo que o “milagre da Autoeuropa é único”, já que Portugal não tem “capacidade para atrair grandes empresas”, o presidente mostrou-se satisfeito com o êxito do programa.

Ao todo são 20 empresas em “fase avançada”. Em comum, têm o facto de serem lideradas por mulheres que estavam desempregadas. O Empreendedoras PME pretende responder ao problema do desemprego que ataca preferencialmente as mulheres.

A associação de pequenas e médias empresas atribuiu um prémio de arranque de 4.272 euros às 100 empresas seleccionadas, para além de apoio na formação, entre Novembro do ano passado e Março, em áreas da gestão, contabilidade, “marketing” e recursos humanos, bem como consultoria técnica gratuita ao longo de dois anos.

O objectivo é desenvolver um plano de negócios que comprove a viabilidade económica e financeira da empresa. A associação dará, depois disso, o apoio “rápido e eficaz” ao crescimento da nova empresa, explicaram os responsáveis da PME Portugal.

A associação espera abrir no final deste ano a 3ª edição do programa.

Duas empreendoras

Maria Alzira Almeida tem 52 anos e estava desempregada há seis, depois de ter trabalhado na área da restauração, no Porto. Decidiu voltar a Viseu, onde, na aldeia de Rãs, montou uma casa de turismo rural.

A formação da PME Portugal deu-lhe o “conhecimento do que era necessário para abrir um negócio” e o acesso a apoio técnico gratuito de consultores. A empresária espera apenas os pareceres das entidades oficiais para abrir o negócio.

Já Edite Matos, 25 anos, licenciada em Geografia, é mais um nome na lista dos professores não colocados. “Todas as portas se fecharam”, recorda ao JPN. Sem trabalho numa escola, e com vontade de ensinar, encontrou no programa da PME Portugal o “pontapé de saída” para um “sonho antigo”: abrir um centro de estudos para todos os graus de ensino, com o lema “aprender a brincar, brincar a aprender”. A inauguração é este sábado, anunciou satisfeita.

Texto e fotos: Pedro Rios