O exército israelita já começou a dar ordens de despejo aos colonos que ainda se mantêm nos territórios ocupados.

Era meia-noite de segunda-feira em Gaza (22 horas em Lisboa) quando teve início a retirada dos colonatos da Faixa da Gaza e do Norte da Cisjordânia. Cerca de 50 veículos entraram em Gaza para começar a evacuação dos 21 colonatos, aos que se somam quatro na Cisjordânia. Uma barreira vermelha foi colocada na fronteira de Kissufim com a Faixa de Gaza, o que significa que os cidadãos israelitas já não podem entrar naquele território.

Cerca de 50 mil soldados dirigiram-se para o maior colonato da Faixa de Gaza, Neveh Dekalim, considerado um dos mais perigosos devido aos colonos ultra-ortodoxos que lá vivem e que se recusam a sair. A edição on-line do jornal israelita “Ha’aretz” refere que alguns dos residentes no colonato querem que se torne “num centro de resistência à evacuação”.

No colonato de Morag, refere a edição on-line do diário britânico “The Guardian”, os colonos arrancaram os ramos de oliveira, afirmando que não queriam deixar nada para os palestinianos.

Os colonos têm até quarta-feira para sair das suas casas. Depois dessa data serão retirados à força dos colonatos e perderão o direito a parte das indemnizações que estão a ser entregues a quem sair voluntariamente.

O secretário-geral da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, referiu-se à retirada como “um momento histórico”, mas frisou que se Israel quer paz deve preparar-se para entregar os territórios de Jerusalém Este e da Cisjordânia, onde vivem actualmente 400 mil colonos israelitas.

O plano de retirada dos colonatos data já de 2003, numa proposta do primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon. São 8.000 os colonos a evacuar, num território onde vivem um milhão e 300 mil palestinianos. Muitos dos colonos já saíram das suas casas, recebendo indemnizações no valor de 200 a 300 mil dólares. O plano tem como principal objectivo o aumento da segurança na área de Gaza, onde nos últimos cinco anos morreram 100 soldados israelitas, o dobro do número de colonos mortos.

A transferência de poder vai ter lugar em Setembro, quando a Autoridade Palestiniana assumir o poder nas zonas agora evacuadas, apesar de Israel manter o controle sobre o espaço aéreo e sobre a segurança fronteiriça.

Tiago Dias
Imagem: Gaza Strip Photos