Começaram quarta-feira os trabalhos da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. É a cimeira mais participada e aguardada de sempre, já que tem como objectivo reformar a estruturas das Nações Unidas, que fazem 60 anos.

Entre as principais questões da cimeira, que se estende até sexta-feira, estão a redução da pobreza nos países mais pobres, a diminuição para metade a propagação da sida até 2015 e a não proliferação nuclear. No entanto, a reunião dos 192 países membros da organização reveste-se de especial importância porque dela pode sair o futuro da ONU e do seu secretário-geral Kofi Annan. Os participantes na cimeira deverão adoptar um documento de 35 páginas sobre a reforma da ONU.

Para Annan, a Assembleia Geral é um teste à sua liderança, depois da divulgação do escandâlo de corrupção no programa “Petróleo por Alimentos” e da desautorização à instituição com a Guerra do Iraque. Já para a ONU, é a oportunidade de se reformular e ultrapassar a crise de credibilidade que atravessa.

O presidente George W. Bush, que discursou depois de Annan, defendeu a necessidade de uma ONU forte e livre de corrupção.

“As Nações Unidas foram criadas para espalhar a esperança na liberdade, combater a pobreza e a doença, e para garantir os direitos humanos e a dignidade para todo o mundo”, afirmou o dirigente norte-americano.

“Para tornar estas promessas reais, a ONU tem que ser forte e eficiente, livre de corrupção, e transparente para com as pessoas que serve. As Nações Unidas têm que se reger pela integridade e existir segundo os padrões elevados que impõe aos outros”, disse Bush.

Para o presidente norte-americano a Comissão para os Direitos Humanos, que tem sido dominado nos últimos anos por países como Cuba, Sudão e o Zimbabwe, é um exemplo do descrédito da ONU.

“Quando os membros desta grande instituição escolhem notórios violadores dos direitos humanos para sentar no Comissão para os Direitos Humanos, estão a desacreditar um nobre esforço e a minar a credibilidade de toda a organização”, acusou.

No discurso inaugural da cimeira, o primeiro-ministro sueco Goran Perrson, que preside à sessão dos próximos três dias, avisou que milhões de vidas vão ser perdidas se não forem tomados passos significativos para combater a pobreza mundil. Caso contrário, “a próxima geração vai enfrentar um mundo mais injusto e inseguro”.

Numa conjuntura mundial marcada pelos conflitos e pelos ataques terroristas, Persson apelou os países a encontrar “soluções colectivas baseadas no Estado de Direito”. “Precisamos de umas Nações Unidas mais fortes”, acrescentou.

Pedro Rios
Foto: ONU