Anedótica a derrota do FC Porto em Glasgow, por 2-3, naquela que foi a confirmação daquilo que se vinha dizendo desde o início da época. Perder com um adversário tão fraco quanto este Rangers só pode denunciar uma terrível incapacidade defensiva, a repartir com o miolo, muito deficiente na busca da bola em terrenos recuados.

O resultado está também ligado a dois holandeses: Jan Wegereef, o árbitro, que deixou passar em claro uma falta de Dado Prso sobre Vítor Baía no lance do segundo golo; e Co Adriaanse, que lançou o inqualificável Pepe em detrimento de Sonkaya, manteve Sokota no onze apesar da péssima performance do croata ante o Rio Ave e preteriu Lisandro (um atleta com porte e garra imprescindíveis para defrontar estes britânicos).

Num jogo em que tudo de mau aconteceu (Sokota saiu lesionado com todas as substituições já feitas), o FC Porto, que foi capaz de responder a duas desvantagens, foi escasso para matar um jogo ao seu alcance e, pior do que isso, perde com três golos absolutamente risíveis e que não têm qualquer correspondente na produção ofensiva dos escoceses.

Perante um adversário tão fraco, três pontos perdidos podem tornar-se problemáticos rumo ao objectivo de ultrapassar a fase de grupos.

Não está comprometida a passagem, longe disso, mas há muitos aspectos a rever, como o elevado número de passe falhados e a falta de agressividade a defender. Não admira que, no final, a festa tenha sido tão grande no Ibrox.

Balanço

O FC Porto teve uma boa meia hora inicial, longe de ser brilhante e limpa de erros. Todavia, foi dominador nesse período, sabendo controlar a posse de bola e o ritmo de jogo. Aparentou ser uma equipa madura, algo que não se veio a confirmar com o tempo. Com efeito, deixou-se abalar sem razão aparente, consentindo mesmo o primeiro golo a um conjunto que não fizera para o justificar.

Ao intervalo, a vantagem do Rangers assumia contornos de escândalo, em função da escassez do futebol dos britânicos. No recomeço, o golo de Pepe parecia caído dos céus, caindo que nem uma luva nas pretensões do portistas.

Empatar cedo e aproveitar o ascendente motivacional parecia ser o mote, mas tudo saiu gorado. As oportunidades para passar para a frente não foram aproveitadas e quem marcou foi o conjunto de McLeish. Em falta, é certo, e sem qualquer ponta de brilhantismo.

Mais uma vez, o FC Porto foi em busca da igualdade. Conseguiu-a, mas voltou a revelar-se incapaz de ganhar vantagem. Nem a inferioridade numérica fez baixar a tendência de vitória. Todavia, essa acabou por favorecer um Rangers medonho. Assim custa mais…

Positivo

– Reacção aos golos: Superar duas desvantagens é prova de grande capacidade mental.
– César Peixoto: Melhor do que o habitual a defender, deu profundidade ao ataque.
– Bolas paradas: Novamente com Peixoto em destaque, é uma das principais armas do FC Porto. Cantos muito bem batidos e livres normalmente aporoveitados.

Negativo

– Defesa passiva: Como é que é possível que o FC Porto tenha permitido que a bola que dá origem ao terceiro golo fosse bombeada? Ferguson teve todo o tempo para executar um lance previsível. É bonito apregoar o fair-play, mas é preferível fazer falta a deixar o adversário jogar.
– Sokota: Não tem condições físicas nem qualidade para jogar. Perde golos e tira-os aos companheiros.
– Passe: Muitos passes falhados, inclusivamente pelos insuspeitos Lucho e Jorginho.
– Co Adriaanse: Opções muito discutíveis.

André Viana
Foto: UEFA