Recomeçaram terça-feira, em Pequim, na China, as conversações sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, envolvendo, para além de Pyongyang, os EUA, a Rússia, a China, o Japão e a Coreia do Sul, após uma interrupção de seis semanas, devido à falta uma solução para o problema.

As conversações, que já vão na sua quarta ronda, têm por objectivo chegar a um acordo com a Coreia do Norte acerca do seu programa nuclear.

Os EUA acusam o regime comunista presidido por Kim Jong-il (na foto) de querer fabricar armas nucleares, enquanto os norte-coreanos defendem-se afirmando que, devido às necessidades económicas do país, precisam de centrais energéticas de água leve, que podem também ser usadas para produção de plutónio, embora não sejam de alto risco.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), um país tem o direito de possuir um programa nuclear, desde que seja verificado pela AIEA e se destine a fins pacíficos.

Os EUA recusam que a Coreia do Norte possua um programa nuclear, mesmo que seja composto por reactores de água leve. Pyongyang admite receber os inspectores da AIEA para que supervisionem as suas instalações energéticas e compromete-se a regressar ao Tratado para a Não-Proliferação (NPT), que abandonou em 2003, caso os seus reactores sejam aprovados.

Os norte-coreanos querem também renovar as relações diplomáticas com Washington e exigem que os EUA retirem da Coreia do Sul todas as suas armas que possam estar à distância de atingir o norte da península. Na lista de exigências, está também a ajuda económica até que os reactores energéticos estejam concluídos.

Pyongyang diz-se flexível “quando necessário”

Esta segunda fase da quarta ronda das conversações entre os seis países não tem prazo limite para que se chegue a acordo, referiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, mas será de lembrar, que para a primeira fase, que terminou em Julho por falta de consenso, também não tinha sido estabelecido um prazo.

Desta vez, quer os EUA, quer a Coreia do Norte, parecem estar mais dispostos a chegar a uma solução para este conflito. O negociador-chefe norte-americano, Christopher Hill, afirmou que os EUA estavam dispostos a ser flexíveis, mas que tudo dependeria “daquilo que a Coreia do Norte fez durante este mês”.

Por outro lado, o negociador norte-coreano, Kim Kye-Gwan, citado pela agência Reuters, também se mostrou aberto a novas soluções, garantindo que o seu país vai encarar as negociações com “uma atitude sincera” e que está preparado para “mostrar flexibilidade quando necessário”.

A crise da Coreia do Norte teve início em 2002, quando cientistas norte-coreanos admitiram a diplomatas dos EUA que o país estava a enriquecer urânio para produzir armas nucleares. Em 2002, os norte-coreanos expulsaram os inspectores das Nações Unidas e em 2003 retiraram-se do NPT.

Tiago Dias
Foto: Wikipedia