A Direcção-Geral da Saúde estimava no ano passado que, se nada se fizer para prevenir a obesidade, cerca de 50% da população portuguesa poderá ser obesa em 2025.

A dimensão da doença em Portugal, potenciada pela introdução de novos hábitos alimentares (como a chamada “fast food”) e pelo acelerado ritmo de vida urbano, coloca questões à forma como nos relacionamos com os alimentos.

Para perspectivar a obesidade como uma doença com múltiplas causas e contornos, o docente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) Pedro Moreira escreveu “Obesidade – Muito Peso, Várias Medidas”. O livro, editado pela Ambar, é lançado segunda-feira, às 19h00, na FNAC do NorteShopping, no Porto.

Pedro Moreira“O livro procura fundir as componentes biológica e psicológica [da doença]”, explica ao JPN Pedro Moreira. Dessa forma, o livro ambiciona “dar as bases para se compreender melhor o que é a obesidade”.

A obra dirige-se ao público em geral, mas também para os profissionais de saúde, já que aborda a nova metodologia para o cálculo das necessidades energéticas de indíviduos obesos e a aplicação de conceitos de comportamento alimentar.

“Pretende-se dar medidas de avaliação do peso e do comportamento e, depois disso, medidas de intervenção para essa situação”, afirma Moreira, que entende que o tratamento da obesidade deve envolver a dimensão afectiva dos alimentos.

“Por vezes negligenciamos o significado dos alimentos para as pessoas”, reconhece o nutricionista. Com esta visão menos rígida da doença e que tem em conta o comportamento do indivíduo, hábitos tão comuns como o café com leite acompanhado de pão com manteiga podem ser mantidos, sendo compatíveis com o tratamento da obesidade.

“A nossa alimentação é um conjunto de múltiplos comportamentos”, diz o autor. “É um livro de ajuda, mas não de dieta”, sintetiza.

Pedro Rios
Fotos: Stock Xchng
Pedro Rios