As características geográficas do norte do Paquistão, uma região montanhosa, estão a dificultar as operações de salvamento das vítimas do sismo que atingiu sábado aquele país, a Índia e o Afeganistão.

Ainda assim, uma equipa de busca conseguiu resgatar com vida 40 crianças de uma escola de Balakot, na província da Fronteira do Noroest.

O resgate foi feito por equipas de socorro francesas e pelo Exército francês. Do meio dos escombros foram ainda retirados os cadáveres de 60 crianças. A informação é avançada por uma cadeia de televisão paquistanesa. Na mesma cidade, confirma-se a morte de mais de mil crianças de três escolas.

Milhões sem abrigo

As difíceis condições de acesso estão a impossibilitar a chegada de uma ajuda rápida. Mais de quatro milhões de desalojados esperam pelos primeiros socorros nas zonas montanhosas do nordeste do Paquistão.

“As pessoas afectadas precisam, urgentemente, de abrigo, alimentos, roupas e medicamentos”, alertou o porta-voz da Cruz Vermelha Internacional, Dale Cleaver.

Além de uma ajuda imediata de 50 milhões de euros, os Estados Unidos anunciaram também o envio de oito helicópteros que se encontravam no Afeganistão. Por seu lado, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, lançou um apelo à comunidade internacional no sentido do envio urgente de ajuda.

O Paquistão aceitou a ajuda disponibilizada pela Índia, o que pode representar mais um passo na aproximação entre as duas potências nucleares rivais.

Pilhagens estendem-se a várias áreas atingidas

A demora na chegada de ajuda está a potenciar o aumento das pilhagens que ontem começaram a verificar-se na capital da Caxemira paquistanesa. Terça-feira, o saque prossegue por várias outras zonas abaladas pelo sismo.

Nas zonas mais remotas do norte do país (área montanhosa), a ajuda tarda em chegar, facto que tem suscitado protestos por parte das populações, sobretudo por quem não tem meios para enfrentar as baixas temperaturas que se fazem sentir.

Número total de vítimas ainda por contabilizar

O Fundo das Nações Unidas para a Protecção da Infância (UNICEF) prevê que a catástrofe possa ter provocado 40 mil vítimas mortais nos três países afectados.

O último balanço oficial aponta para 21 mil mortos e 47 mil feridos no Paquistão, além de quatro milhões de desalojados, mas os números estão longe de ser definitivos. Muitas vítimas são crianças que, na altura do sismo, se encontravam nas escolas.

Na Índia, o último balanço aponta para mais de 1.100 mortos e 5.000 feridos no Estado do Caxemira indiano. Cerca de 5.000 habitações terão sido destruídas pelo sismo no Caxemira indiano, segundo estimativas oficiais.

Desde o abalo mais violento, sentido no sábado, já foram registadas mais de 140 réplicas.

A cidade mais castigada foi Muzaffarabad, capital do território paquistanês de Caxemira onde foi registado o epicentro do sismo. Fontes governamentais referem que, nessa área, 11 mil pessoas terão perdido a vida.

Ana Correia Costa