O reitor da Universidade de Coimbra (UC) cancelou a abertura solene das aulas de amanhã, quarta-feira, para evitar a manifestação de protesto que a Associação Académica de Coimbra (AAC) tinha já anunciado – o encerramento da Porta Férrea da reitoria da universidade.

Em comunicado divulgado hoje, terça-feira, à tarde, Fernando Seabra Santos afirma que a cerimónia “só tem verdadeiro significado se for vivido em festa por toda a comunidade universitária”. “Resta-me, por isso, pelo respeito que devo à Universidade, determinar o cancelamento da cerimónia. Todas as outras actividades decorrerão normalmente”, sustenta.

O reitor da UC critica a direcção-geral da AAC por, “contrariando todas as expectativas da comunidade universitária, resolver assumir como sua (apesar de ter votado contra ela) uma deliberação tomada, sem quórum, pela assembleia magna no sentido de fechar a Porta Férrea no próximo dia 19 de Outubro, com o objectivo de impedir a realização da cerimónia de abertura solene das aulas”.

Seabra Santos responsabiliza os dirigentes estudantis por uma “quebra do espírito de comunhão”.

A AAC decidiu fechar a cadeado a Porta Férrea para impedir a realização da abertura solene das aulas. O protesto estudantil, decidido na Assembleia Magna da semana passada, tem como motivos os cortes orçamentais no ensino superior (de 3% na UC), o corte de 200 mil euros nos serviços sociais daquela academia e o regime de prescrições.

O cancelamento da abertura solene é, segundo o mesmo comunicado do reitor da UC, “um derradeiro esforço para chamar à razão os que persistem em tomar atitudes ilegais, sem qualquer legitimidade democrática, afrontando gratuitamente a comunidade universitária e os seus órgãos legítimos e prejudicando gravemente os próprios estudantes”.

“Num passado recente e em condições extremas que todos recordarão fui forçado a tomar medidas de excepção, necessárias para garantir que o Senado pudesse reunir em condições de apurar democraticamente a vontade expressa dos seus membros, a fim de cumprir a sua missão como órgão de governo da Universidade”, refere ainda o comunicado, aludindo à intervenção policial de há um ano no pólo II da UC (na foto).

Pedir a intervenção policial foi “uma decisão difícil”, mas o reitor reafirma que tomá-la-á de novo sempre que “circunstâncias de idêntica gravidade o justifiquem”.

Pedro Rios
Foto: DR