O projecto IDEIA.M tem como principal objectivo melhorar a qualidade do som e as características de resistência dos instrumentos. Fibra de vidro, fibra de carbono e espuma de poliuretano são alguns dos componentes utilizados. No projecto estão envolvidos alunos do curso de Engenharia Mecânica do segundo ao quinto ano.

A maioria dos instrumentos são construídos em madeira e em metal. Júlio Martins, aluno da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e responsável pelo projecto, esclarece ao JPN que os materiais compósitos em comparação à madeira “são mais resistentes à humidade, às pressões e ao desgaste do uso”.

“Há também a preocupação de arranjar substitutos para as madeiras que são materiais caros e de preservar algumas espécies de madeira que estão em perigo de extinção”, acrescenta.

Os estudantes já construíram uma guitarra clássica e desenvolveram um estudo com um serrote acústico (como os que se usam no circo). Nas experiências desenvolvidas há sempre a preocupação de aliar as novas tecnologias com a tradição. Os alunos envolvidos no IDEIA.M querem também aplicar estes materiais à guitarra portuguesa.

Júlio Martins sustenta que não se trata de “fazer instrumentos com outras formas, nem com outros desenhos”, mas colocar na “alma do instrumento novas tecnologias”. Com este projecto, a FEUP pretende demonstrar outras valências da Engenharia Mecânica para além da aplicação em automóveis e aviões.

O responsável do IDEIA.M acredita que “quando se desenvolver um plano de estudos, vai poder-se materializar a produção e a comercialização de instrumentos com estas tecnologias a preços baixos”.

Estes estudos contam com a colaboração a ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espectáculos – onde se ensaiam os instrumentos e se compreende o seu comportamento. Pretende-se que os instrumentos produzam um som mais constante ao longo do tempo e evitar que a tonalidade se altere devido à humidade e à temperatura, que acontece com os instrumentos de madeira.

As opiniões dividem-se entre os músicos. “Em termos sentimentais, é a tradição que ainda prevalece, a madeira. Por outro lado, nos testes que realizamos com os protótipos, há uma grande curiosidade por estes instrumentos e pelas suas características”, sustenta Júlio Martins.

Luís André Florindo
Foto: DR