“Tenho estado em contacto com o chefe do gabinete do ministro, e a única confirmação que tenho é que [a reunião com Mariano Gago] será no início da próxima semana”, afirmou hoje, sexta-feira, o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Pedro Esteves, ao JPN.

Ou seja, não existe, até agora, uma data concreta para a reunião prometida ontem, quinta-feira, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior à direcção da FAP, e Pedro Esteves não exclui a hipótese de o governante protelar o encontro.

Por isso, o dirigente académico deixa o aviso: “se ultrapassar quarta-feira, a acção que foi suspensa [prevista para a próxima segunda-feira, em Lisboa] será marcada novamente para a próxima semana”. Pedro Esteves acrescenta que, face a uma eventual fuga ao diálogo por parte da tutela, os estudantes vão “continuar com uma forma crescente de luta e constestação”.

Recorde-se que a FAP tinha agendada, para a próxima segunda-feira, dia 7, uma acção de protesto frente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), onde os estudantes iriam passar a noite de domingo em tendas. A deslocação a Lisboa iria servir ainda para os estudantes entregarem na Assembleia da República um “cheque gigante de 902 euros, que é a contribuição de cada estudante para o PEC [Pacto de Estabilidade e Crescimento]”, numa atitude de evidente “ironia”, assumiu Pedro Esteves.

Gabinete do ministro ainda não definiu dia da reunião

Ontem, depois de cerca de 300 estudantes, segundo a FAP, terem sido recebidos pela governadora civil do Porto, Isabel Oneto, o ministro do Ensino Superior manifestou a intenção de reunir-se no Porto com a direcção da FAP, a fim de receber o “caderno reivindicativo com todos os problemas específicos da academia” e discutir os problemas que afectam os estudantes.

A audição ficou agendada para o início da próxima semana, e Pedro Esteves aguardava por uma data concreta até ao final da tarde de hoje. Contudo, a confirmação não chegou e a FAP estabeleceu a próxima quarta-feira como prazo para o ministro se deslocar até à sede da FAP.

“Demos o prazo de uma semana para o ministro organizar a sua vida e poder vir ao Porto ouvir a academia. Caso contrário, vamos de imediato para a frente com os protestos”, avisa Pedro Esteves.

Este não é, contudo, o desfecho pretendido pelo presidente da FAP: “Ganhamos mais com o diálogo do que com contestação, que às vezes acaba por ser destrutiva”.

“Não quero criar grandes expectativas”

Se a reunião com o ministro Mariano Gago vier a concretizar-se, Pedro Esteves adianta que a discussão vai centrar-se nos problemas da academia, elencados no caderno reivindicativo e, também, nas questões que afectam o ensino superior na generalidade.

O dirigente académico aponta a “lei da autonomia e a revisão do Estatuto da Carreira Docente [Universitária]” como exemplos dos assuntos a debater com o ministro.

“Não quero criar grandes expectativas” relativamente à reunião com Mariano Gago, ressalva Pedro Esteves. No entanto, o dirigente académico não hesita em definir aquilo que rejeita: “não quero que seja um monólogo, porque, se for, vamos continuar com acções de contestação”.

“A FAP não vai fazer guerras ideológicas nem políticas”, sublinha Esteves. E clarifica: “O que queremos é dialogar”.

Contudo, Pedro Esteves salvaguarda que “a vontade de dialogar não pode ser unicamente demonstrada através de conversas ou telefonemas”, e refere que, quando essa vontade existe “não faz sentido adiar”. Até porque, de acordo com o dirigente académico, o ministro definiu a reunião com a FAP como “prioridade”.

Ana Correia Costa
Foto: Arquivo JPN