O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje, segunda-feira, após reunião com parceiros sociais, um aumento de 3% do Salário Mínimo Nacional (SMN) no próximo ano, que passa assim de 374,70 para 385,90 euros.

A medida corresponde a um aumento de 11,20 euros no próximo ano e fica acima do valor previsto da inflação que se situa nos 2,3%.

“Aumento é claramente insuficiente”

As críticas mais directas não se fizeram esperam e vieram das centrais sindicais. À saída da reunião, em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, considerou que aquele aumento é “muito pouco para quem tem salários muito baixos, pois são 37 cêntimos por dia”, sublinhando ainda que não haverá aumento de produtividade e de competitividade com salários baixos.

O JPN tentou entrar em contacto com Carvalho da Silva, mas o secretário-geral da central sindical encontrava-se numa reunião da Comissão Executiva, que, ao que o JPN apurou, servirá para definir a posição oficial da CGTP e planear estratégias em relação a este aumento.

“Este aumento do salário mínimo nacional é claramente insuficiente”, referiu também ao JPN, Paula Bernardo, membro da Comissão Permanente da UGT, que acrescenta que o Governo desvaloriza a dimensão social ao não ter em conta a substancial redução do poder de compra dos portugueses no últimos três anos.

A dirigente da UGT salienta que o aumento podia ter ido mais longe e de encontro à proposta feita por aquela central sindical, em Setembro último, que apontava para um aumento ideal de 20 euros (5,3%).

Contudo, Sócrates responde, defendendo que este “não é o momento para aventuras” ainda que admita “essa discussão quando os sinais da economia forem mais claros”.

Possível encerramento de empresas

À saída da reunião com o Governo, o presidente das Confederações da Indústria (CIP), Francisco Van Zeller, alertou que o aumento do SMN “vai provocar e antecipar” o encerramento das empresas “mais frágeis”.

Segundo Van Zeller, que considera que o aumento é baixo, “há uma tentativa de equilíbrio, mas resta saber se é aceitável o fecho de empresas e se as que vão abrir no futuro são suficientes para garantir o emprego”.

Francisco Van Zeller acusou ainda o Governo de já ter ido para a reunião com a decisão tomada, não tendo levado em conta as posições dos parceiros sociais.

Pedro Sales Dias
Foto: Arquivo JPN