A extrema-direita francesa organizou para hoje, segunda-feira, uma manifestação para dizer “Já basta!” à “Imigração, motins e às explosões nos subúrbios”. O protesto foi convocado para o mesmo dia em que o governo francês aprovou um projecto-lei para prolongar por mais três meses o actual estado de emergência que visa pôr fim aos distúrbios dos últimos quinze dias.

O presidente da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, será uma das presenças mais destacadas dos protestos. O candidato que em 2002 perdeu as presidenciais, numa segunda volta, para Chirac, afirmou ontem em entrevista à Rádio RTL que as medidas do governo francês para erradicar as violências urbanas não respondem “ao verdadeiro problema” da “imigração maciça”.

“Crianças de Chirac” são “terroristas e bandidos”

“Nós sabemos que ela [imigração massiva] constitui uma bomba atómica mundial”, referiu Le Pen. O líder carismático da extrema-direita salientou ainda que os jovens dos subúrbios – “as crianças de Chirac” – vão-se transformar em “terroristas e bandidos”.

O estado de emergência, que hoje foi reforçado por mais três meses, vigora em França desde o passado dia 8 e permite impor o recolher obrigatório nas localidades mais atingidas.

Chirac dirige discurso à nação

Jacques Chirac vai hoje às 20h00 falar à nação (19h00 em Lisboa) numa declaração solene sobre os distúrbios urbanos que há mais de duas semanas assolam Paris e outras cidades francesas, segundo o Palácio do Elis. A declaração formal, transmitida pela televisão, será a primeira do presidente francês sobre o assunto.

O ministro do Interior, Nicholas Sarkozy, voltou a garantir que todos os estrangeiros que forem condenados por actos de violência urbana serão expulsos do país e confirmou que as primeiras expulsões dos arguidos já condenados nos últimos quinzes dias poderão começar já no início da semana.

Pedro Sales Dias
c/ agências
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