Os iraquianos escolhem, esta semana, uma assembleia de 275 membros, de cuja composição deverá sair o primeiro Governo constitucional do Iraque. Hoje, segunda-feira, foi o primeiro dia das eleições legislativas, cujo processo de votação deverá culminar na quinta-feira.

Para conter eventuais actos terroristas durante este período, o Governo iraquiano decidiu encerrar as fronteiras e impor o recolher obrigatório em diversas cidades do país.

De acordo com o Ministério do Interior, as medidas de segurança adoptadas serão idênticas às que foram montadas para as primeiras eleições gerais, realizadas em Janeiro, e para o referendo à Constituição iraquiana de Outubro passado.

Entre amanhã e sábado, comércio e serviços vão encerrar, e o recolher obrigatório será imposto entre as 22h00 e as 06h00, diariamente. Durante esses cinco dias, o trânsito automóvel não será permitido, exceptuando os veículos que disponham de autorização para tal.

Todas as fronteiras terrestres estarão encerradas entre quarta e sexta-feira e o aeroporto de Bagdad não vai efectuar voos civis durante esse período. Cidadãos de outros países árabes estão proibidos de entrar no Iraque até à realização da votação.

Para quinta-feira, vai ser montado um forte dispositivo de segurança junto às secções de votos. A operação vai envolver oito mil agentes, mas os militares norte-americanos não deverão participar nesta operação, a fim de evitar incidentes.

Última etapa do processo de transição

Estas eleições são uma etapa decisiva no processo de democratização do Iraque e acontecem quase três anos após a queda do regime de Saddam Hussein.

Os analistas prevêm que o futuro governo iraquiano resulte de uma coligação, já que não é de esperar uma maioria de nenhuma das formações que vão a votos.

A comunidade sunita, que, ao longo deste ano, se manteve quase ausente da Assembleia Nacional provisória graças ao boicote às eleições de Janeiro passado, vai participar em peso no escrutínio desta semana.

Sete mortos no primeiro dia

Ao primeiro dia das eleições legislativas, pelo menos sete pessoas morreram e 20 ficaram feridas em diversos incidentes. O dia de hoje foi o escolhido para dar início às votações, com a participação de membros das forças de segurança, doentes e presos.

Amanhã, será a vez de os cerca de 1,5 milhões de iraquianos que estão a viver no estrangeiro votarem. Na quinta-feira, votam os restantes iraquianos – cerca de 15 milhões incritos nas listas eleitorais.

Fontes do ministério do Interior iraquiano disseram que três das vítimas mortais e cinco feridos resultaram de combates em Bagdad entre grupos rebeldes e militares dos Estados Unidos apoiados pela polícia local.

Na zona leste da capital iraquiana, um carro armadilhado explodiu perto do hospital Al Kindi, matando uma pessoa e ferindo 14. Uma outra viatura explodiu em Nahrawan (30 quilómetros a oeste de Bagdad), matando um polícia e causando ferimentos em sete pessoas.

Cinco grupos da “jihad” islâmica ligados à Al-Qaeda, incluindo o jordano Abu Mussab al-Zarqaui, afirmaram, num comunicado comum hoje divulgado, que estas legislativas são “ilícitas”, e reitararam a sua determinação em continuar com a “jihad” (guerra santa) para instituir um Estado islâmico no Iraque.

Ana Correia Costa