Os lixeiros do Porto vão fazer uma greve de 15 dias às horas extraordinárias durante o período do Natal, a partir das 0h00 do dia 25 deste mês até 8 de Janeiro. O anúncio foi feito hoje, quarta-feira, após uma reunião entre as estruturas sindicais STAL (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local) e SINTAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública) e a Comissão de Trabalhadores dos Serviços Municipais de Limpeza da Câmara do Porto.

No próximo dia 26, segunda-feira, “será cumprido um dia de greve ao trabalho normal”, anunciaram, ainda, aquelas estruturas sindicais. Ou seja, não haverá recolha de lixo na cidade do Porto nessa segunda-feira, o dia da semana em que os lixeiros recolhem boa parte do lixo do fim-de-semana.

A convocação resulta do facto de os lixeiros estarem “a chegar ao segundo mês sem o pagamento do prémio nocturno”. Em causa está, além de outras reivindicações, a suspensão do pagamento do prémio nocturno aos lixeiros do Porto, decidido pela Câmara Municipal a partir de um relatório preliminar da Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT), que referia a ilegalidade daquela recompensa.

João Avelino, dirigente da STAL, lembrou que, dois meses após o cancelamento da pagamento, a retirada do prémio nocturno já “significa um prejuízo de 230 euros” no salário de cada trabalhador. “Como os filhos dos trabalhadores vão ter um Natal mais pobre, entendemos que a Câmara do Porto e quem decide destas coisas deve ter direito a um prémio ou a uma prenda de Natal”, ironizou o dirigente.

O sindicalista ressalvou, no entanto, que “não estará em causa a saúde pública”, e apelou à compreensão dos cidadãos do Porto. José Abraão, do SINTAP, sublinhou que “o objectivo da greve não é [afectar] os munícipes”, mas, antes, “pressionar a Câmara do Porto para que continue a pagar o prémio”. “Não fazemos greve pela greve”, disse, ainda, o dirigente, acrescentando que “está nas mãos da CMP evitar esta greve”.

Sindicatos equacionam novas formas de luta

João Avelino anunciou que no próximo dia 21 vão realizar-se “dois grandes plenários” com os cantoneiros e lixeiros do Porto na Divisão do Ambiente. Os sindicatos dizem que “vai ser necessário definir como continuar esta luta”, porque não acreditam que a Câmara do Porto vá resolver a questão do pagamento do prémio nocturno aos trabalhadores.

“Os trabalhadores não vão desistir de lutar, e vão encontrar formas imaginativas [de luta] que podem passar por uma greve carrossel [em que os funcionários entrem em greve alternadamente]”, adiantou o responsável.

A greve de dois dias iniciada ontem termina hoje. A acção foi promovida no âmbito da “semana de convergência de lutas” dos trabalhadores da administração local, com o objectivo de obter aumentos salariais, melhores condições de trabalho e contestar a reforma aos 65 anos.

A discussão destas reivindicações está agendada para o próximo dia 19, numa reunião com a Secretaria de Estado da Administração Pública.

Ana Correia Costa
Foto: Pedro Sales Dias/Arquivo JPN