A Quercus critica o modo como está a ser feita a operação de trasfega de combustível do cargueiro “CP Valour”, encalhado a 80 metros da costa, na ilha do Faia, nos Açores, há 13 dias, e os “meios ridículos” que estão a ser utilizados pela Marinha para conter e combater a poluição.
A barreira de contenção da poluição colocada junto ao porta-contentores é, na opinião do presidente da associação ambientalista, Hélder Spínola, “manifestamente insuficiente”. “Não consegue conter o derrame, que, apesar de tudo é pequeno”, comparado com o de um navio petrolífero, exemplifica, ao JPN. Por isso, a Quercus está preocupada com o que aconteceria em caso de acidentes ambientais mais graves.
A Quercus divulgou hoje, quinta-feira, uma fotografia à imprensa, captada a 20 de Dezembro, numa altura em que o navio “Magadir” já procedia à trasfega do combustível do “CP Valour”. “É notório que a pequena barreira colocada junto ao cargueiro, do lado da costa, é insuficiente para evitar a dispersão do fuel libertado pelo ‘CP Valour’”, afirma a Associação Nacional de Conservação da Natureza, em comunicado.
Hélder Spínola critica também a lentidão da chegada dos meios ao local do encalhamento do “CP Valour”, bem como o tempo que demorou até se saber que havia materiais químicos perigosos a bordo.
Para a Quercus, esta situação “não é uma excepção” e é “sintomática da falta de meios do nosso país” e da “incapacidade” operacional no combate a acidentes deste género.
Hélder Spínola diz que a “falta de meios” já foi “notória” em acidentes como os derrames no Sado e em Matosinhos no ano passado.
Os ambientalistas esperam ainda uma reacção das entidades competentes a esta e a outras denúncias. “Não tivemos qualquer ‘feedback’. Não sentimos grandes mudanças no terreno”, lamenta Hélder Spínola.
Mais meios anunciados
A Marinha anunciu hoje que um helicópter pesado deverá juntar-se, na próxima semana, à operação para desencalhar o “CP Valour”. O helicóptero vai tentar retirar contentores que estão a bordo, para aliviar o peso do cargueiro.
O navio “BBC Canadá” deverá participar na operação amanhã, depois de o “Magadir” retirar parte do fuelóleo que se encontra a bordo do porta-contentores.
O cargueiro, com 180 metros de comprimento e 18 toneladas, encalhou há quase duas semanas na Fajã da Praia do Norte, com 1.200 toneladas de combustível a bordo e mais de 500 contentores.
