O presidente do Instituto das Drogas e da Toxicodependência (IDT) afirmou hoje, sexta-feira, que é possível que a calendarização da aplicação das salas de injecção assistida, conhecidas como “salas de chuto”, possa avançar este ano.

“Tenho a expectativa que ao longo deste ano possamos calendarizar este tipo de medida”, afirmou João Goulão, durante um seminário subordinado ao tema “Bioética e comportamentos adictivos: As salas de injecção assistida”, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

“Há enquadramento legislativo que permite a sua criação, apenas falta o pontapé de saída que será desencadeado na sequência de uma manifestação clara de vontade política”, disse.

O presidente do IDT defende a realização de experiências-piloto em Lisboa e Porto, “sedes dos grandes problemas ao nível da desinserção e da degradação da população toxicodependente”.

João Goulão justificou a abertura do Governo relativamente a esta matéria com o facto de a criação de “salas de chuto” estar consagrada no plano nacional contra a droga e toxicodependência, que se encontra em fase final de aprovação. No entanto, Goulão reconhece que a criação destes equipamentos depende muito dos meios financeiros disponíveis e dos diagnósticos territoriais.

Para o responsável do IDT, as “salas de chuto” são úteis para reduzir danos, já que constituem “uma porta de entrada para um sistema de tratamento”. Frisou, contudo, que a sala de injecção assistida “só faz sentido integrada numa rede alargada de dispositivos de redução de danos”.

João Goulão afirmou ainda crer que há condições para que durante este ano também haja uma decisão quanto à instalação destes dispositivos nos estabelecimentos prisionais.

JPN/Lusa
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