A construção do novo edifício do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), no “campus” da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), deve arrancar em Maio ou Junho.

Depois de alguns atrasos, vai ser lançado este mês o concurso público para a construção da infra-estrutura, que substituirá as actuais instalações em Leça do Balio (uma antiga fábrica de colchões). A garantia foi dada hoje, quarta-feira, pelo presidente do INEGI, Barata da Rocha, na apresentação do programa de comemorações do aniversário do instituto, fundado há 20 anos na FEUP.

A obra está orçada em 6.300 milhões de euros (59% do financiamento é assegurado pelo programa Prime) e vai criar melhores condições para os investigadores e aumentar a ligação do INEGI à FEUP.

“Será mais fácil cativar novos investigadores. Vai mudar por completo a forma de ensino na FEUP”, disse Barata da Rocha. “O ‘know how’ pode ser transmitido aos alunos, quer através de visitas de estudo, quer envolvendo os alunos dos últimos anos de licenciatura nos projectos”, explicou.

Jorge Sampaio homenageado

Ainda dentro do programa de comemoração do vigésimo aniversário, o INEGI vai homenagear com o título de sócio honorário do instituto o Presidente da República, Jorge Sampaio, “apoiante incondicional do novo edifício”.

O presidente do INEGI (na foto) destaca a transferência de tecnologia para a indústria, relação que está na origem do instituto, “a meio caminho entre a FEUP e o tecido industrial”.

“A ligação entre universidade e indústria é um discurso totalmente obsoleto. Já há 20 anos que o fazemos. Queremos participar no processo de inovação e ser um agente no Sistema Nacional de Inovação”, disse Barata da Rocha, que sublinhou que o INEGI atingiu em 2005 quase quatro milhões de euros de volume de negócios.

Ligação entre universidade e indústria

O INEGI, que tem cerca de 160 colaboradores regulares, é maioritariamente privado, mas tem dois grandes sócios públicos (FEUP e Universidade do Porto). O instituto tem vindo a trabalhar de perto com empresas, em projectos com ou sem financiamento público.

Entre os parceiros mais conhecidos do INEGI, estão a Agência Espacial Europeia, a Airbus, a Vulcano, a Galp (colaboração que resultou na garrafa de gás Pluma) e 75% dos parques eólicos nacionais.

O desenvolvimento de um equipamento que melhore a capacidade de detecção do cancro da mama, em colaboração com outras universidades, institutos e hospitais – que pode, segundo Barata da Rocha, originar um “‘cluster’ nacional” -, e um sistema, iniciado em Janeiro, que desvia eventuais ataques por mísseis a aviões são projectos recentes do INEGI.

“Valorização da investigação”

“Somos o instituto de referência na engenharia mecânica e gestão industrial nacional. Queremos continuar a ser líderes. Julgamos que já o somos”, afirmou o presidente do INEGI.

Para o futuro, Barata da Rocha gostava de ver o instituto a oferecer inovação à indústria sem que tal surja com o pedido de nenhuma empresa. “Temos muitas dificuldades” em “andar à frente das empresas” por “falta de robustez financeira”, considera. Como a investigação é mal paga em Portugal, tanto aos investigadores como às instituições, o responsável apela à “valorização da investigação”.

Pedro Rios
Fotos: DR