O director do Hospital de Santo Tirso, Carlos Oliveira, e o obstetra Strecht Monteiro discordam do presidente do Colégio da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia, Luís Graça, e defendem que o serviço de maternidade do hospital não tem motivos para ser encerrado.

Em declarações ao “Jornal de Notícias”, Luís Graça defendeu o encerramento de cinco ou seis blocos de parto por falta de condições, entre os quais o do Hospital de Santo Tirso.

O director da unidade hospitalar referiu ao JPN que não têm “orientação superior para o encerramento&#8221. Também Strecht Monteiro considera a possibilidade do encerramento “uma enormidade” e acrescenta que a falta de condições referida por Luís Graça “é a visão de um senhor de Lisboa”. O obstetra afirma ainda que “na maternidade Alfredo da Costa as salas de espera são corredores”. “Não há dignidade naquilo”, denunciou.

O director do hospital de Santo Tirso defende que a avaliação de Luis Graça é “meramente quantitativa”. O hospital conta com 700 partos por ano, número que Carlos Oliveira reconhece ser “reduzido” mas justificado por “questões sociais”, já que Santo Tirso é uma “região com crise” onde “as pessoas ponderam o seu futuro”.

Strecht Monteiro defende que Luís Graça não tem conhecimento da realidade do funcionamento das maternidades no norte do país e defende que o facto de não existir regionalização é uma causa para “haver levantamentos desta ordem”.

Hospital tem boas condições

Carlos Oliveira lembra ainda que o Hospital de Santo Tirso é o único centro público administrativo da zona do Vale do Ave, estando apto para continuar com o serviço. “Não há falta de segurança” e existem quadros especializados, sendo apenas necessário “apostar na manutenção do serviço”, sustenta.

Defendendo as competências técnicas do Hospital de Santo Tirso, Strecht Monteiro afirma que na referida unidade se “fazem partos da mesma forma” que nas outras maternidades, incluindo partos com epidural e cesarianas, e acrescenta que hoje em dia se faz “em Mirandela o que se faz em Santo Tirso e o que se faz no Porto”.

Como solução para o financiamento das maternidades mais pequenas, o obstetra defende a ideal “equidade na tributação financeira”. Strecht Monteiro admite que “tem de haver sempre hospitais de topo”, mas não considera “justo que se retirem meios aos hospitais pequenos”.

Paula Coutinho
Foto: SXC