A Comissão Científica Independente pronunciou-se hoje, sexta-feira, de forma favorável à utilização das cimenteiras para a termo-destruição de resíduos industriais perigosos (RIP). Em conferência de imprensa no Porto, os três especialistas da CCI afirmaram que a co-incineração existe na maioria dos países da UE e não apresenta nenhum risco para a saúde pública.

Na sequência do relatório, o ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, reforçou as declarações dos membros da CCI. O ministro assegurou que a co-incineração não representa um risco nem para a saúde pública, nem para o ambiente.

Nunes Correia confirmou que as cimenteiras de Souselas e Outão são os locais escolhidos para a co-incineração e que os testes deverão começar dentro de três a seis meses. Até ao final do ano, tudo estará preparado para começar a “queima” dos resíduos, com a melhor tecnologia à disposição para este tipo de processos.

Confrontado com a acusação da Quercus que alertou para o facto da Cimpor de Souselas não ter tido uma comissão de acompanhamento, Nunes Correia mostrou-se disponível à criação dessas comissões, mas criticou o que considera ser o “terror” imposto pela associação ambientalista contra a co-incineração.

O ministro do Ambiente salientou que serão co-incinerados apenas 10 a 20% dos RIP, sendo os restantes tratados nos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (CIRVER), que devem estar operacionais na Primavera de 2007.

80 mil toneladas por ano de RIP serão queimadas nas cimenteiras de Souselas e do Outão. Estes números, no entanto, foram contestados pelo partido ambientalista “Os Verdes”. Heloísa Apolónia, porta-voz do partido, presente na apresentação do relatório, criticou Nobre Correia e a decisão do Governo, pois, disse, “vai permitir que se queimem mais resíduos que podiam ser passíveis de outras formas de tratamento”.

Os Verdes avançaram com um proposta de debate de urgência no Parlamento, para que “o ministro do Ambiente esclareça os deputados e o país relativamente a todo o processo”. O partido apelou ainda às populações de Souselas e Setúbal para que “se movimentem no sentido de efectuar um forte protesto a esta opção do Governo”. “É a sua saúde pública e o ambiente da sua região que estão em causa”, sublinhou.

A restante oposição também criticou a opção do Governo.

Texto e foto: David Pinto