A Quercus recusa a proposta do Ministério do Ambiente em relação à articulação entre a co-incineração e os Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (CIRVER).

Pedro Carteiro, da associação ambientalista, afirmou ao JPN que a ideia do Governo, que será apresentada hoje, sexta-feira, vem “fora de tempo, uma vez que os CIRVER ainda não estão construídos”.

A Quercus não rejeita a co-incineração, mas considera que a eliminação de resíduos industriais perigosos (RIP) só deve avançar depois da entrada em funcionamento dos CIRVER. Isto permitiria, segundo a Quercus, diminuir a quantidade de resíduos e o perigo de poluição causada pelos mesmos. Segundo Pedro Carteiro, certos resíduos perigosos não podem ser reciclados sem passar pelos CIRVER e estão previstos que passem pelos centros 18 mil toneladas dessas substâncias.

Segundo a Quercus, não faz sentido não esperar pelos CIRVER (que estarão funcionais em 2007) e o adiantamento da co-incineração apenas tem a ver com “a fiscalização para a gestão dos RIP”. Pedro Carteiro afirma ainda que o avanço precoce da co-incineração pode gerar “protestos nas empresas que investiram na construção dos centros de valorização de resíduos”.

A Associação Nacional de Conservação da Natureza aponta ainda outras soluções para o tratamento de resíduos industriais perigosos. A Quercus argumenta que a co-incineração só é útil para um pequena parte dos RIP e considera que as soluções passam por uma “gestão integrada de todas as fábricas de solventes a nível nacional” e pela abertura a interesses privados para o tratamento de óleos usados. Estas soluções teriam custos semelhantes à co-incineração.

Pedro Carteiro considera ainda que o Governo “não fez o trabalho de casa” em relação às cimenteiras previstas para a co-incineração (Souselas e Outão), que devem ser anunciadas hoje. Em relação à Cimpor de Souselas, por exemplo, a Quercus critica não ter existido uma comissão de acompanhamento.

Para a associação, as cimenteiras de Souselas e Outão “não estão preparadas para receber a co-incineração”.

O Ministério do Ambiente apresenta hoje à tarde, no Porto, uma proposta para articular a co-incineração e os CIRVER (Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos).

David Pinto
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