Na madrugada de hoje, domingo, os olhos dos cinéfilos estarão postos no Kodak Theater, em Los Angeles, para a 78ª cerimónia de entrega dos mais importantes galardões da sétima arte.

Se não houver surpresas, “Brokeback Mountain” (na foto) será o grande vencedor. O filme de Ang Lee tem reunido adeptos um pouco por tudo o mundo e venceu as competições mais importantes que antecedem os Óscares, como os Globos de Ouro e os BAFTA.

Mário Augusto, jornalista da SIC especializado em cinema, também acredita que a história de amor entre dois “cowboys” vai arrebatar o maior número de estatuetas. “Apesar de poder haver surpresas, é consensual a opinião que o filme de Ang Lee será o grande vencedor”, prevê.

Na área da representação, os galardões estão praticamente entregues, segundo Mário Augusto. Para o crítico de cinema, só uma surpresa por parte do júri tirará as estatuetas a Philip Seymour Hoffman e Reese Witherspoon.

“Se fosse eu a escolher, e espero que a tendência da Academia vá por aí, era o Philip Seymour Hoffman no ‘Capote’. É claramente o melhor actor do ano”, afirma.

O “patinho feio” de Hollywood tem uma interpretação notável na “biopic” de Truman Capote e apenas enfrenta a concorrência renhida de Joaquin Phoenix em “Walk the Line”.

Quanto a Witherspoon, surpreendeu com o seu papel agri-doce de esposa de Johnny Cash (Phoenix), também em “Walk the Line”. Felicity Huffman apresenta-se como a única alternativa, pelo seu papel em “Transamerica”. Mas a sua vitória é pouco provável, a não ser aquilo a que Mário Augusto chama de “poderosíssimo ‘lobby’ gay” que invade Hollywood faça a actriz de “Donas de Casa Desesperadas” vencer.

A luta é mais renhida nos prémios secundários. Na categoria masculina, há quatro galos para o mesmo poleiro: George Clooney, por “Syriana”; o vencedor do ano passado, Paul Giamatti, por “Cinderella Man”; Matt Dillon, por “Crash”; e Jake Gylenhaal em “Brokeback Mountain”.

Para Mário Augusto, o “cowboy” de Ang Lee parte como favorito, arrastado pelo sucesso do filme, mas o crítico lembra que nos prémios secundários a Academia aproveita para “tirar contas à vida” e recompensar actores pela sua carreira.

Esta premissa pode ser válida na categoria feminina. Para o crítico de cinema, Frances McNormand pode ser contemplada devido a este racíocinio e pelo facto de interpretar em “North Country”, uma mulher debilitada, algo sempre muito apreciado pelo júri. Rachel Weisz, por “O Jardineiro Fiel”, é outra opção. A actriz é a única hipótese de o filme do brasileiro Fernando Meirelles levar algum Óscar para casa.

Para Mário Augusto, a noite não deve ser fortuita em surpresas, mas a acontecê-lo, a sorte deve pender para os lados de “Boa Noite e Boa Sorte” e “Colisão”. Os dois filmes não devem sair de Los Angeles sem uma estatueta, mas apenas em categorias secundárias. O mesmo deve acontecer com “King Kong”. O filme de Peter Jackson, conhecido pela trilogia de “O Senhor dos Anéis”, não reuniu consenso na Academia, que apenas o nomeou para categorias técnicas.

David Pinto
Foto: “Brokeback Mountain”/DR