A Casa da Música recebeu hoje, terça-feira, os empresários Belmiro de Azevedo, Pedro Queiroz Pereira e Carvalho Neto (em representação de Américo Amorim), para um debate sobre “Porque investimos em Portugal”.

O ministro da Economia, Manuel Pinho, abriu a sessão e afirmou que se pretende transformar o choque de investimento num ciclo em que a inovação e o investimento funcionam como “irmãos gémeos” e “um não funciona sem o outro”, tendo em vista uma maior modernização.

O ministro lembrou que é essencial um bom ambiente de negócio entre o Governo e os empresários, e prometeu “trabalho, trabalho e mais trabalho”.

Belmiro de Azevedo disse que o Governo deve apoiar os grandes projectos que à partida irão singrar, em detrimento dos pequenos projectos sem futuro. “Os bons projectos são sempre financiáveis”, acrescentou. Contudo, referiu que muitas vezes as organizações não-governamentais (ONG) são um entrave ao desenvolvimento.

O líder da Sonae defendeu que “não há razões para o Estado controlar um banco como a Caixa Geral de Depósitos” e referiu o exemplo de outros países em que as economias funcionam bem sem a existência de um banco público.
Belmiro de Azevedo disse ainda que não é necessária a intervenção do Governo, “a não ser naquelas actividades que têm alguma relação com as funções de soberania – justiça, parte da saúde e parte da educação”.

Pedro Queiroz Pereira apresentou posições muito próximas de Belmiro de Azevedo. O empresário reconheceu o “enorme empenhamento deste Governo” e referiu que a Portucel está inserida numa competição global e que “a floresta é uma riqueza nacional que não se pode perder”.

Carvalho Neto referiu que a intervenção e peso do Estado na economia é uma questão “de bom senso e consenso”.

Gerar emprego: sim ou não?

Belmiro de Azevedo salientou que o investimento será uma “medalha positiva para as gerações futuras”, já que “não há criação de emprego se não houver criação de investimento”. Carvalho Neto não se mostrou tão optimista em relação a esta problemática e Queiroz Pereira defendeu que “não é função do empresário criar emprego, mas sim criar valores”.

Relação entre Cavaco e Sócrates

Os três empresários mostraram-se optimistas quanto às futuras relações entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, que tomará posse quinta-feira, já que, em sua opinião, ambos conhecem bem as necessidades do país.

Carvalho Neto acrescentou que o importante é executar estratégias a longo prazo e “pensar o país além de um mandato de 4 ou 5 anos”.

A OPA

Questionado sobre a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Portugal Telecom lançada pela Sonae, Belmiro de Azevedo reafirmou a sua posição e referiu que este “é um projecto de futuro, para ganhar à primeira volta” e com o qual pretende criar competitividade nas telecomunicações. Segundo o empresário, não está nos planos da Sonae reformular a proposta apresentada há um mês. “O nosso projecto continua intacto”, assegurou.

Texto e foto: Paula Coutinho