Cavaco Silva, no discurso da tomada de posse, apelou à harmonia e cooperação entre dirigentes políticos. “Os portugueses gostavam de perceber que a classe política está disposta a juntar esforços para fazer obra em comum”, disse.

O Presidente da República apoia uma política de defesa de qualidade ambiental. “O desenvolvimento para ser justo também tem de ser sustentável”, afirma.

Referindo-se a Portugal, aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), ao Brasil e a Timor falou em “nação oceânica” e lembrou que “constituem uma comunidade que é muito mais que a soma das suas partes”.

O antigo primeiro-ministro mencionou as potencialidades marítimas de Portugal. “O mar constitui para os portugueses uma enorme oportunidade”, disse.

Na esfera económica, Cavaco acredita que “é uma estratégia sem futuro apostar nos salários baixos” e que “o Estado não deve ser um travão para o crescimento económico”. E apelou aos emigrantes: “Espero que os portugueses espalhados no mundo lancem um novo olhar às oportunidades de negócio em Portugal”.

Cavaco defendeu a desburocratização: “É preciso reduzir a burocracia, aumentar a transparência e reduzir o peso da despesa pública”.

O Chefe de Estado disse acreditar no “projecto de integração europeia”, sendo “preciso que os nossos parceiros nos vejam como um actor empenhado”.

“O país necessita de mais do que uma mera cooperação institucional”, sustentou. “Estabilidade política não é um valor em si mesmo, é uma condição e não se pode confundir com imobilismo”, acrescentou.

O novo Presidente da República promete acompanhar a acção governativa. “Do Presidente da República não se pode esperar uma simples promessa de lealdade aos outros órgãos de soberania”.

Do discurso de Cavaco, na tomada de posse, fica a promessa de uma política de diálogo e concertação entre o Presidente português e os outros órgãos de poder: “Sempre valorizei o diálogo. Há forçosamente uma interdependencia entre estabilidade e diálogo”.

O antigo primeiro-ministro deixou claro que vai usar do poder de comando supremo das Forças Armadas: “No exercício da função de Comandante das Forças Armadas vou fazer um acompanhamento de perto do processo de reforma”. E tecendo elogios, referindo-se “ao profissionalismo exemplar” e “ao reforço da imagem de prestígio de Portugal no estrangeiro”, Cavaco prometeu acompanhar a racionalização das Forças Armadas.

O discurso de Cavaco não mereceu aplausos das bancadas parlamentares do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português.

Gina Macedo
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