À saída da tomada de posse do Presidente da República, Cavaco Silva, o primeiro-ministro, José Sócrates, mostrou-se satisfeito com o discurso do recém-eleito Chefe de Estado.

“Acho que o discurso esteve muito em consonância com as preocupações e com os objectivos do Governo”, afirmou Sócrates. O primeiro-ministro considera que o discurso de Cavaco esteve “na linha da agenda política do Governo”.

O adversário de Cavaco Silva nas eleições presidenciais, Manuel Alegre, não fez quaisquer comentários ao discurso do novo Presidente, limitando-se a elogiar o “grande discurso fez o presidente da Assembleia da República”, que antecedeu o de Cavaco.

O líder do PSD e ex-ministro de Cavaco, Marques Mendes, elogiou o discurso do antigo primeiro-ministro, explicando que “tinha um excelente conteúdo, com ambição, exigências, além de definir prioridades”.

Da parte do CDS-PP, Ribeiro e Castro estranhou que o Governo não tivesse batido palmas e afirmou que se o Executivo conseguir responder ao pedido de cooperação de Cavaco, “Portugal estará de parabéns” e chegará “a porto seguro”.

Quem partilha da opinião do líder democrata-cristão é o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. “Estou sinceramente convencido que o novo Presidente, em cooperação leal e empenhada com os outros órgãos de soberania, Governo e Assembleia da Republica, vai dar um grande contributo para o desenvolvimento de Portugal e para a prosperidade dos portugueses”, afirmou o ex-primeiro-ministro português.

Partidos à esquerda do PS reticentes

Os três partidos com assento parlamentar à esquerda do PS – PCP, PEV e Bloco de Esquerda – mostraram-se preocupados com o tom do discurso de Cavaco Silva. Ainda assim foi o PCP, na figura do seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa, que demonstrou maior calma relativamente ao novo chefe de Estado, afirmando que “a vida é que irá demonstrar” se as preocupações que demonstrou durante a campanha eleitoral tinham ou não razão de ser.

Por seu lado, Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, criticou o discurso de Cavaco, por ser “muito vazio” e se ter limitado a “palavras de circunstância” sobre questões sociais e internacionais.

A dirigente dos Verdes, Heloísa Apolónia, revelou-se preocupada com a “conivência para com as políticas do Governo” e a falta de referências no discurso à necessidade de uma mudança a nível de políticas energéticas.

Tiago Dias
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