O presidente brasileiro, Lula da Silva, vai encontrar-se hoje, quinta-feira, com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, no encerramento da visita oficial do Chefe de Estado do Brasil ao Reino Unido.

Os três dias do périplo de Lula ficam marcados pelas questões económicas, prato-forte das conversas entre o presidente brasileiro e os seus anfitriões.

As negociações sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a visão comum sobre a política agrícola europeia são os pontos fundamentais discutidos pelas diplomacias dos dois países, e devem marcar presença no encontro de hoje.

Fora das conversas deve ficar o tema sensível da morte do cidadão brasileiro, Jean Charles de Menezes, abatido pela polícia britânica na sequência dos atentados de Londres de Julho passado.

Contactado pelo JPN, Eiiti Sato, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, vê esta visita como o meio ideal para o Brasil estreitar relações com a União Europeia. “Há muitos objectivos de longo prazo no campo do comércio, das finanças e dos investimentos em alternativas energéticas e em ciência e tecnologia para os quais a Europa pode ser um parceiro da maior importância para o Brasil”, afirma.

O professor realça a importância política da visita de Lula, que pode ser benéfica para a situação interna dos dois países. Para Sato, “no caso do Presidente Lula, é uma oportunidade para se afastar das acusações de corrupção que continuam a surgir na imprensa brasileira e também para reforçar os seus movimentos no sentido de uma re-eleição no final deste ano”.

No caso do governo inglês, “as relações com o Brasil podem representar algum acréscimo no seu capital político, como uma nova frente de acção internacional”.

Eiiti Sato não considera que a visita retire aos Estados Unidos a relação privilegiada que possui com o Brasil. Para o professor de relações internacionais, “os Estados Unidos continuarão, por muito tempo, parceiros e interlocutores de destaque para o Brasil pelo simples facto de serem a nação mais poderosa do globo – e consequentemente, da região – mas, ao mesmo tempo, constitui obrigação tanto dos governos europeus quanto do Brasil buscar alternativas novas de cooperação internacional”.

Ricardo Bastos
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