O Banco Comercial Português (BCP) será o maior banco português se a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada hoje, segunda-feira, sobre o Banco BPI for bem sucedida. A aquisição levaria ao fim da marca BPI, em favor de uma “marca única”.

Com a operação, ficaria “consolidado” o crescimento a nível nacional do BCP. “Temos o resto do mundo para crescer”, afirmou o presidente do conselho de administração do grupo, Paulo Teixeira Pinto, hoje, no Palácio da Bolsa, no Porto. Se a OPA for avante, o BCP fica com cerca de 4 milhões de clientes.

O BCP quer adquirir a totalidade das acções do BPI e oferece 5,7 euros por acção, num total de 4,33 mil milhões de euros. O BCP exige a remoção das restrições à votação nos estatutos da sociedade de Fernando Ulrich.

Teixeira Pinto considera o valor oferido por acção justo, visto que este conta com um prémio de 19% face ao fecho de sexta-feira passada (4,79 euros) e de 27% à média registada pelas acções do BPI nos últimos três meses.

“Já tínhamos uma posição de liderança em Portugal, mas ainda havia alguma margem para consolidação. Não representa nenhuma inversão de estratégia para a internacionalização, pelo contrário”, explicou. “Olho para os bancos europeus e sinto que somos um banco pequeno. Portugal não tem um banco médio sequer”, disse, acrescentando, contudo, que o sucesso da OPA “não seria o ultimo passo para [o BCP] ser um banco médio”.

OPA “não é hostil”

Sublinhando que a operação sobre o BPI “não é hostil”, Teixeira Pinto reconheceu que “tecnicamente a OPA não é solicitada”. Mas sublinhou: “Não é hostil porque não é contra ninguém. Não é contra os accionistas nem contra a gestão do BPI. É unilateral”.

O dirigente do BCP acrescentou que o Governo e a Autoridade da Concorrência e o Banco de Portugal só foram informados hoje da intenção de aquisição, depois da aprovação por unanimidade da operação pelo Conselho Superior do grupo. E frisou que a OPA foi preparada sob grande “secretismo”.

Teixeira Pinto não quis comentar a investigação levada a cabo pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre a possível existência de fugas de informação no processo.

Com esta operação, o BCP espera atingir a liderança em todos os sectores, reduzir a base de custos consolidada em 11% e atingir sinergias de 232 milhões de euros. Desta forma, o grupo poderá crescer para investir em mercados internacionais, como África, onde ambos os bancos têm boas posições de mercado, referiu o presidente do BCP.

A possibilidade de aquisição surgia como “óbvia” há “vários anos”, mas, “infelizmente, só agora foi possível”, afirmou Teixeira Pinto. Para financiar a OPA, o BCP vai realizar um aumento de capital de quatro mil milhões de euros reservado a accionistas, a ser lançado após a conclusão da aquisição.

Redução de efectivos sem despedimentos

O presidente do BCP reconheceu existirem “redundâncias óbvias” entre os dois grupos, pelo que a “racionalidade” impõe a “eliminação” das mesmas. Parte dos cerca de 1.500 balcões dos dois grupos fecharia, especialmente fora das grandes cidades, segundo o critério da rentabilidade.

Teixeira Pinto assegurou que, em caso de sucesso da OPA, “vai haver redução de efectivos”, sem conseguir ainda precisar a dimensão da diminuição. Mesmo assim, o líder do BCP garantiu que não haverá despedimentos visto que será aplicada a política de redução de efectivos que o grupo tem seguido, através de rescisões amigáveis, reformas e pré-reformas.

Texto e foto: Pedro Rios