As Forças de Defesa Israelitas fizeram hoje, terça-feira, uma incursão pela cadeia de Jericó na Cisjordânia, com o objectivo de capturar seis palestinianos, entre os quais o líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Ahmed Saadat (na foto), acusado por Israel de ter organizado o assassinato do ministro do Turismo israelita, Rehavam Ze’evi, em 2001.

Desde esta manhã que o exército de Israel cercou a prisão de Jericó, ordenando a saída de Saadat e de alguns dos seus companheiros envolvidos na morte de Ze’evi. De acordo com a Associated Press, a operação causou a morte de dois palestinianos. A televisão Al-Jazeera refere 18 feridos.

A incursão em Jericó ter-se-á devido às declarações do Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas, que na semana passada afirmou, segundo o diário “Haaretz”, que estaria disposto a libertar Saadat. O Alto Tribunal palestiniano decretou em 2002 a libertação do líder da FPLP por considerar que não havia provas suficientes que o ligassem ao assassinato de Rehavam Ze’evi.

Depois de quase nove horas de cerco, Saadat e os seus companheiros renderam-se ao exército israelita.

Ataque causa reacções violentas

A operação militar israelita de hoje levou a que vários grupos palestinianos raptassem cidadãos estrangeiros quer em Gaza quer na Cisjordânia. De acordo com o jornal israelita de maior circulação, o “Yedioth Ahronoth”, foram raptados um elemento suíço da Cruz Vermelha Internacional em Gaza, duas cidadãs francesas, uma cidadã coreana, um professor norte-americano em Jenin e dois professores australianos.

Foram, também, raptados quatro jornalistas, dois sul-coreanos, um francês e um iraniano. Vários outros raptos tiveram lugar durante a tarde.

Abbas responsabiliza EUA e Reino Unido

Abbas afirmou que quem detém “responsabilidade total” sobre os prisioneiros de Jericó são os EUA e o Reino Unido, cujos funcionários na Cisjordânia foram evacuados minutos antes do ataque ter começado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jack Straw, acusou, por seu lado, a ANP de ter ignorado os repetidos avisos do seu Governo para que a segurança dos prisioneiros em causa fosse reforçada.

Um coronel israelita disse aos jornalistas em Jericó que “o objectivo é prendê-los, mas não há negociações”. “Ou eles saem ou serão mortos”, afirmou o responsável do exército, antes da captura.

O objectivo da operação terá sido retirar os seis palestinianos da cadeia na Cisjordânia para mantê-los detidos em Israel.

Tiago Dias
Foto: DR