Tal como Marques dos Santos, Ferreira Gomes coloca a internacionalização no topo da lista dos desafios para a Universidade do Porto (UP). No desporto, diz que “tem que haver um esforço na construção de espaços”.

Defende que a UP precisa de “maior intervenção do reitor e de uma maior proximidade à comunidade”. E, diz, “é necessário introduzir alguma ruptura em muitos aspectos da história da Universidade do Porto”.

Porque é que decidiu candidatar-se a reitor da UP?

Pude acompanhar de perto o mandato de Novais Barbosa o que me fez interessar por várias questões. Pelo perfil académico que tenho, como investigador e pelo conhecimento da administração universitária, julgo estar numa posição rara e interessante e espero dar à UP uma posição válida para que dê o salto da afirmação internacional.

Do universo das 14 faculdades da UP, se vier a ser eleito, quais são as prioridades?

São todas “filhas da mesma mãe”, tenho que olhar para todas. Mas há intervenções prioritárias, a nível da construção de edifícios, sendo a situação mais dramática a de Nutrição. Temos que ultrapassar as condicionantes administrativas e ser competitivos.

Como vê a candidatura de Marques dos Santos?

Como um estímulo. Fico muito contente que o meu amigo Marques dos Santos se tenha apresentado, tenho muito respeito pelo trabalho dele ao longo dos anos. Mas apresentei-me porque me sinto melhor habilitado para responder ao desafio de colocar a UP como uma universidade de referência. Esta é a minha convicção.

Fala da internacionalização como uma prioridade.

Ponho a internacionalização como um desafio prioritário por ser um desafio abrangente. As universidades portuguesas ficam constantemente de fora nos “rankings” internacionais que são apresentados. Temos que construir uma estratégia complexa de intervenção em todas as áreas para que a UP seja reconhecida internacionalmente.

Em termos de desporto e cultura, quais são as suas ideias?

Na área desportiva a situação é de grande dificuldade: os espaços desportivos que a universidade tem hoje são os mesmos que a universidade tinha quando eu cá entrei, há 40 anos. A massa estudantil da UP aumentou consideravelmente e a situação é de carência muito grande. Tem que haver um esforço na construção de espaços.
No aspecto cultural, Portugal tem uma rede cultural muito frágil mas que nos últimos anos tem crescido. No âmbito da universidade, é necessário que os estudantes se envolvam mais e que participem nas actividades.

Podemos esperar um reitor mais interventivo?

Seguramente, precisamos de maior intervenção do reitor e de maior proximidade à comunidade e é possível fazê-lo para além do período eleitoral.

Ana Rita Basto
Foto: JPR