Ex-colónia promove mais iniciativas no sentido de cooperação entre China, Portugal e o resto do mundo que o próprio Ocidente.

Um estudo do Instituto do Comércio Externo de Portugal (ICEP) de 2003 aponta que, apesar da relevância da China no comércio mundial, a sua posição como parceiro comercial de Portugal é “diminuta e deficitária” para o nosso país.

Não só os fluxos de investimento são reduzidos como também se tem observado uma grande tendência de “desinvestimentos” portugueses no mercado chinês.

Já segundo a China Radio International, aquando da segunda rodada de diálogo financeiro entre a China e a União Europeia (UE), realizada este ano, o director do Departamento de Assuntos Internacionais do Ministério de Finanças chinês, Zhu Guangyao, afirmou que apesar da UE ser já o segundo maior parceiro comercial da China, é urgente que ela reconheça as suas elevadas perspectivas de crescimento económico.

Pelo que o JPN pôde apurar junto da Embaixada da China em Portugal, Macau está a tentar tornar-se “numa ponte de ligação de relações económicas, comerciais e culturais para promover as cooperações e intercâmbios entre a China, a União Europeia e os países da Língua Portuguesa”.

Gu Yunfen, primeira secretária da Embaixada, explicou ao JPN que o chefe do executivo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Edmund Ho, tem realizado inúmeras viagens entre Portugal, França, Singapura, Japão, Bélgica, Moçambique e vários outros no sentido de aplicar mais medidas efectivas para que Macau se torne na tal “ponte de ligação” relevante.

“Macau pretende um maior desenvolvimento das relações com Portugal, tendo ambas as partes já assinado uma série dos acordos na área de saúde pública, justiça e da educação com o estabelecimento pela RAEM de uma Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa”, disse Gu Yunfen.

Em Outubro de 2003, fundou-se em Macau o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entra a China e os países da Língua Portuguesa (FCEC),
que entretanto terá conseguido um “grande desenvolvimento e os êxitos notáveis”, segundo a primeira secretária da Embaixada da China.

Gu Yunfen disponibilizou ao JPN dados referentes ao volume de negócios entre a China e os países da Língua Portuguesa, que definiu como sendo de 23.190 milhões de dólares americanos em 2005, um aumento de 26,9% em relação ao ano anterior. Já o volume de negócios entre a China e Portugal terá ultrapassado os mil milhões de dólares americanos, mais 42,2% em comparação com o ano anterior.

Em Setembro deste ano terá lugar em Macau a segunda reunião ministerial do FCEC, pelo que a Embaixada da China em Portugal acredita que “as relações da cooperação económica” entre os dois países e “os países de língua oficial portuguesa aumentem sem cessar”.

Na primeira reunião do FCEC, em 2003, a China designou o território macaense como plataforma preferencial no contacto com os países de expressão portuguesa, tendo os responsáveis ministeriais assinado um acordo em que se comprometeram a “empreender esforços no sentido de incentivar um quadro legal favorável à realização e protecção dos investimentos, bem como a promover acordos bilaterais que os promovam”.

Para Gu Yunfen, o novo desenvolvimento das relações de Macau com o exterior após a transferência de poder de 1999, permitiu à cidade ser um território ainda mais integrante das culturas chinesa e ocidental.

André Sá