O valor recolhido pela administração de Macau em impostos directos sobre o jogo atingiu nos primeiros quatro meses deste ano cerca de 610,13 milhões de euros, mais 16% que no período homólogo de 2005, revelam dados dos Serviços de Finanças de Macau.

No final deste ano as estimativas do mesmo serviço apontam para receitas de impostos sobre o jogo de 1.719,8 milhões de euros, num universo de receitas da administração na ordem dos 2.163,8 milhões.

A profusão do sector do jogo potenciou uma actividade turística sem precedentes na região. Só nos primeiros quatro meses de 2006 o número de visitantes atingiu cerca de 7 milhões de pessoas, mais 20% que no mesmo período de 2005. A Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) espera que o número de turistas no território até ao final deste ano ultrapasse os 21 milhões.

Numa região com uma população activa de cerca de 265.800 pessoas, estes números permitirão a Macau fechar 2006 com saldos positivos acumulados na ordem dos 2,5 mil milhões de euros, sem contar com o fundo de 1,2 mil milhões constituído durante a administração portuguesa.

A secretária-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCIL-C), Fernanda Ilhéu, informou o JPN de algumas razões históricas para o “boom” económico macaense. O território começou a sua expansão económica com o surgimento das primeiras fábricas têxteis nos anos 70, que apareceram com um acordo multi-fibras perpretado pelo governo português de então.

O acordo foi muito favorável à região, considerando a capacidade industrial da altura e potenciou quotas de exportação têxtil muito superiores às de Hong Kong, que era comercialmente muito mais competitivo. “O que se verificou foi a deslocação de muitas empresas de Hong Kong para Macau”, explica Fernanda Ilhéu.

O governador de então, Garcia Leandro, percebeu a boa oportunidade e exigiu que essas empresas de Hong Kong que quisessem licenças de exportação de Macau tivessem que comprar uma andar de fábrica no território (em Macau as fábricas são em andares, não em extensão). Isto potenciou o sector da construção e reestruturação de todas as infraestuturas implicadas (desde a rede eléctrica à telefónica). O desenvolvimento de Macau acompanhou em larga medida o desenvolvimento e necessidade de expansão de Hong Kong, a que não escapou o sector do jogo.

Hoje os casinos são a principal fonte de rendimento da região. Após a transição de Macau, uma das primeiras medidas da nova administração foi abrir o mercado do jogo à livre concorrência, acabando com o monopólio de 40 anos da Sociedade de Jogos de Macau, de Stanley Ho. Tudo aponta para que o volume de negócios inerentes ao jogo na região ultrapasse este ano ou no próximo o de Las Vegas, actual centro mundial dos chamados jogos de fortuna e azar.

André Sá
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