O Alto-Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (ACNUR) dá protecção a cerca de 20,8 milhões de pessoas em todo o mundo, 8,4 milhões delas são refugiados. Número que tem vindo a diminuir ao longo dos anos, e, segundo o ACNUR, é o valor mais baixo desde 1980.

Num comunicado [Vídeo] divulgado no “site” do ACNUR, António Guterres, alto-comissário da ONU para os refugiados, destaca “a coragem e tenacidade” destas pessoas que não desistem. Este ano, a data, que se assinala desde 2001, está subordinada ao tema “Esperança”.

Uma das situações mais preocupantes a nível mundial é Darfur. No Sudão há cerca de seis milhões de refugiados e deslocados. Segundo a ONU, a guerra, que dura há três anos, já matou 200 mil pessoas e fez cerca de dois milhões de deslocados.

Os campos de refugiados, que abrigam milhares de pessoas e onde estão centenas de trabalhadores humanitários, são um alvo fácil para as milícias. Daí que a ONU esteja a ser pressionada pela comunidade internacional a enviar um contingente de segurança para impedir o “massacre”, que se prevê no caso de as forças internacionais não intervirem.

Outro dos pontos negros no mundo no que toca aos refugiados é o Afeganistão. Milhões de pessoas fugiram do país para se protegerem do regime talibã. Mas cerca de 1,9 milhões de pessoas continuam à espera de regressar ao país, mesmo depois da invasão americana em 2001.

Apesar de África bater os recordes mundiais nos números de refugiados, a Colômbia é também uma das zonas mais problemáticas do mundo. Em guerra há quase 42 anos, o país conta com cerca de 60 mil refugiados e quase dois milhões de deslocados. A luta entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de orientação marxista, e os paramilitares de direita já fez 30 mil mortos.

João Teixeira Lopes, professor de Sociologia da Universidade do Porto, na conferência realizada, hoje, terça-feira, no Museu Soares dos Reis, por ocasião das comemorações do Dia Mundial dos Refugiados, traçou os pontos mais negros na Europa no que se refere aos campos de refugiados.

“A zona mais preocupante na Europa está no Mediterrâneo. As pessoas provenientes da zona do norte de África tentam entrar na Europa através do Estreito de Gilbraltar e da ilha italiana de Lampedusa”, destacou o professor.

João Teixeira Lopes alertou para a situação dos refugiados em Lampedusa, junto à Tunísia. “Fala-se muito dos prisioneiros em Guantánamo, mas ninguém se lembra dos milhares de refugiados que estão no campo de Lampedusa, que não têm qualquer condições de higiene e onde um litro de água tem que ser dividido por duas pessoas durante um dia inteiro”, referiu o sociólogo.

Catarina Abreu
Foto: UE